No início da tarde desta quarta-feira, 17, pelo menos uma pessoa foi presa na cidade e se mantém no rol de suspeitos
As Polícias Militar e Civil de Sergipe desencadearam uma operação integrada especial para dar respostas aos itabaianenses quanto à chacina ocorrida na noite desta terça-feira, 16, no Conjunto Francisco Teles de Mendonça, região conhecida como Invasão, na periferia da cidade, distante 57 quilômetros de Aracaju. Nessa ação, foram assassinados a tiros Mateus dos Santos Siqueira, de 20 anos, Ana Paula dos Santos Moura, 14, Jéssica Prates dos Santos, 16, e Yuri Santos, 18.
Estão mobilizadas equipes da Coordenadoria da Polícia Civil do Interior (Copci), da Delegacia Regional do Interior, do Comando de Polícia Militar do Interior (CPMI) e também do Comando de Operações Especiais (COE) e do Batalhão de Polícia Choque da PM (BPChq), tendo as ações coordenadas pelo próprio coronel Aelson Resende Rocha, comandante geral da PM, e de três delegadas de polícia civil: Viviane Pessoa, coordenadora de Polícia Civil do Interior, Juliana Alcoforado, delegada regional, e Viviane Jardim, titular da Delegacia Local.
Na cidade, as Polícias Civil e Militar desencadearam uma verdadeira operação de guerra para identificar suspeitos. A cidade está bastante movimentada com a presença de viaturas caracterizadas da Polícia Militar e veículos da Polícia Civil, além de um efetivo disfarçado rodando todas as localidades em busca de pistas para desvendar o mistério que rodeia o crime. No início da tarde desta quarta-feira, 17, pelo menos uma pessoa teria sido presa. Seria, segundo informações extra-oficiais, um rapaz foragido da Justiça da área de circunscrição da Barra dos Coqueiros. “Ele foi preso por porte ilegal de arma na cidade. Não temos prova do envolvimento dele neste crime, mas não descartamos esta possibilidade”, enfatizou a delegada Viviane Jardim, ao Portal Infonet.
Na cidade, as pessoas estão assustadas. A jornalistas ninguém se submete a oferecer detalhes. Mas, segundo o Coronel Resende, os moradores estão dando contribuições significativas através de denúncias anônimas enviadas ao Posto do 3º Batalhão da PM e também à Delegacia de Polícia Civil. “Estamos fazendo um trabalho articulado, debatendo as informações que são coletadas pela Polícia Civil com as informações que colhemos e realizando uma ação integrada para se chegar aos criminosos”, informa o Coronel Resende.
Para a delegada Viviane Pessoa, seria precipitação, neste momento, apontar uma linha de investigação definitiva para explicar a chacina. Segundo informou, a Polícia Civil está trabalhando com um leque de informações que conduz a uma série de possíveis motivos. Mas a mais forte linha de investigação envolve consumo e supostas dívidas com o tráfico de drogas. No cenário do crime foi encontrada certa quantidade de maconha e também camisinhas ainda envelopadas, sem uso. “É uma questão muito complexa. Por isso, fiz questão de acompanhar pessoalmente o trabalho aqui na cidade”, justifica o Coronel Resende.
A maneira que foi praticado o crime ainda é uma incógnita. Há suspeitas de que pelo menos duas pessoas praticaram a chacina. Nem a Polícia tem conhecimento se os criminosos chegaram em algum veículo à residência ou se estavam a pé. A vizinhança não colaborou. “As pessoas dizem que nada viram e muitos dizem até que nem ouviram os tiros”, comenta a delegada Viviane Jardim.
Mudança de planos
O Portal Infonet conversou com moradores e com familiares dos jovens assassinados. Tios de Jéssica e de Mateus residem no Conjunto onde aconteceu a chacina. “Ouvi os tiros e os gritos. Pelo grito, eu identifiquei que era Jéssica”, disse uma senhora, que seria a esposa do tio de Jéssica. Ela prefere o anonimato. “E na mesma hora que constatei, eu telefonei para a mãe dela”, complementou.
Dona Valdelice de Melo Siqueira, tia de Mateus, identificou a presença do sobrinho pelo veículo estacionado na porta da casa onde aconteceu a chacina. “Vi logo que era a moto dele e quanto eu fui ver, disse logo: é ele mesmo, Mateus, o meu sobrinho”, conta Valelice. “Saí da casa e desmaiei no caminho”, revela.
Dona Marluce dos Santos Siqueira, a mãe do jovem, está desolada. “Não sei o que aconteceu com um menino tão bom e trabalhador”, lamentou a mãe, amparada por amigos e vizinhos. Segundo relato da mãe, Mateus chegou em casa por volta das 19h da terça-feira, 16, tomou banho, jantou e recebeu um telefonema. “Ao telefone, ele disse: ‘já vou, tô tomando café e já tô saindo’. Depois saiu sem dizer para onde ia”, conta a mãe. A delegada Viviane Jardim trabalha a possibilidade do telefonema ter sido praticado por uma das vítimas da chacina, possivelmente de Ana Paula com quem Mateus teria tido um envolvimento afetivo.
O último amigo a ver Mateus com vida foi um adolescente de 16 anos, que nesta quarta-feira, 17, lamentava, com a família, a morte do amigo. “Ele foi na minha casa e me chamou para pegar (namorar) umas meninas, mas eu disse que não queria ir porque hoje eu ia trabalhar logo cedo, com carrego”, revelou o adolescente ao Portal Infonet. “Ele disse ‘então tá’ e saiu”, lembra.
Os familiares das vítimas estão inconformados. A casa onde as adolescentes e os dois jovens foram mortos, segundo uma testemunha, que prestou depoimento na Delegacia de Polícia local no início desta tarde, dia 17, teria sido adquirida recentemente pelos pais de Jéssica, que é filha única.
O casal e a adolescente estavam preparados para realizar a mudança nesta quarta-feira, 17. Acredita-se que Jéssica convidara os amigos para fazer uma espécie de inauguração da sua nova morada. A mudança não aconteceu e a mãe de Jéssica, cuja identidade é preservada, já mudou os planos: não tem mais interesse no imóvel, segundo revelou uma das tias da adolescente.
Fonte: Infonet (Cássia Santana)
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