Corporação tem 1.880 coletes da empresa; primeira compra foi em 2013.
Reportagem do Fantástico mostrou que coletes da CBC tinham falhas.
Policiais do DF com coletes à prova de balas fazem revista no Setor Comercial Sul (Foto: Renato Araújo/Agência Brasília)
A Polícia Militar do Distrito Federal informou ao G1 nesta quinta-feira (9) que enviou para teste uma amostra dos 1.880 coletes à prova de balas da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) adquiridos pela corporação. A decisão foi tomada depois de uma denúncia divulgada pelo programa Fantástico, da TV Globo, que aponta falhas nos coletes produzidos pela empresa.
O G1 entrou em contato com a CBC, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. Ao Fantástico, a empresa informou, em nota, que "está realizando uma série de averiguações técnicas para identificar as causas do ocorrido".
A PM da capital federal afirmou que a amostra de coletes balísticos foi enviada para uma empresa especializada em São Paulo. A corporação disse que os coletes da CBC foram adquiridos pela primeira vez pela corporação em 2013.
Segundo a PM, não foram registrados problemas com os coletes da empresa. Até a manhã desta quinta-feira, nenhum policial havia se lesionado em decorrência de eventuais falhas no equipamento.
A corporação informou ainda que possui 18 mil coletes à prova de balas na corporação, dos quais 1.880 foram comprados da CBC. Há previsão de compra de outros 17 mil novos coletes, mas a PM não foi informou quando esses equipamentos serão adquiridos.
Falhas
O Fantástico mostrou que coletes da CBC aprovados pela diretoria de fiscalização de produtos controlados do Exército e testados pela Polícia Militar de São Paulo apresentaram falhas. Durante os testes, tiros furaram os equipamentos de proteção que iriam para a Rota, uma tropa de elite do estado.
De acordo com o Fantástico, existem acusações graves de corrupção contra a diretoria de fiscalização de produtos controlados do Exército. Pelo menos 12 militares são investigados. Eles são suspeitos de cobrar propina para liberar produtos que não protegem como deveriam (veja vídeo).
Um colete supostamente à prova de balas mostrado na reportagem do Fantástico não impediu a morte do policial rodoviário federal Luiz de Gonzaga Santos. Há dois meses, na cidade de Ouro Branco, sertão de Alagoas, um criminoso atirou três vezes no policial, que morreu na hora. Equipes de socorro afirmam que o colete foi furado.
O Fantástico conseguiu o laudo do Instituto Médico Legal. Ele mostra que um dos tiros atingiu o hipocôndrio esquerdo de Luiz de Gonzaga. Nas fotos tiradas por um policial logo depois do crime, há um furo no colete bem no local que deveria proteger essa região do corpo.
Foi a diretoria de fiscalização de produtos controlados do Exército que testou e autorizou a fabricação do colete, que deveria suportar até tiro de calibre ponto 44. Mas o policial morreu com disparos de uma arma calibre 38.
“Todos os policiais estão trabalhando com extrema insegurança. A gente inclusive está acompanhando de perto para que seja esclarecido essa ocorrência”, diz Pedro Cavalcante, presidente da Federação Nacional da Polícia Rodoviária Federal.
O filho do policial, Leandro Fontes Pereira, não se conforma com a perda. “A gente perdeu o nosso pai por falta de condições de trabalho. Isso é absurdo”, disse. Por meio de nota, a CBC disse à reportagem do Fantástico aguarda a conclusão da perícia sobre a morte do policial.
Fonte: G1 DF
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