De acordo com a soldado e jornalista Nayara Moraes a inspiração para a produção do artigo científico surgiu durante um patrulhamento em Neópolis, quando conheceu o subtenente Domingos, um dos primeiros “Caveiras” da PMSE, formado no Bope do Rio de Janeiro. Essa experiência despertou seu fascínio pelo mundo das operações especiais e a motivou a buscar a história da unidade.
Com a colaboração do cabo Silva Santos (“Caveira 50”), que forneceu contatos e informações, Nayara realizou entrevistas com diversos militares que passaram pelo Bope ao longo de seus 29 anos. A pesquisa envolveu a análise de arquivos antigos e inúmeros Boletins Ostensivos, resultando em um artigo denso e com provas documentais.
O artigo é o primeiro relato formal da história do Bope da PMSE, destacando peculiaridades como os dois primeiros “Caveiras” formados no Rio de Janeiro e as duas únicas mulheres “Caveiras” de todo o Nordeste, evidenciando a força da atuação feminina na PMSE e a relevância de sua história.
As Origens: Os Primeiros Caveiras
A história começa na década de 1980, quando Sergipe ainda não possuía uma unidade formal de Operações Especiais. Os pioneiros foram o aspirante Carivaldo dos Santos e o cabo José Domingos Costa, que em 1981 se formaram no Curso de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ). Eles retornaram a Sergipe como os primeiros “Caveiras” do estado, prontos para disseminar a doutrina de elite.
“O curso não nos torna seres especiais, mas nos ensina a compreender nossa pequenez diante da missão”, relembra o coronel Carivaldo, hoje na Reserva Remunerada.
Já o subtenente Domingos, falecido em 2024, deixou um legado de coragem: “Só pensava em sobreviver e não voltar como um covarde. Cada ensinamento, até o mais doloroso, fazia sentido”.
1996: O Nascimento do COE e a Era dos Caveiras
Em 1995, uma conversa entre o capitão Maurício da Cunha Iunes e o coronel Pedro Paulo, então comandante-geral da PMSE, deu origem ao Comando de Operações Especiais (COE). O primeiro curso, realizado em dezembro daquele ano, formou 28 policiais – incluindo civis e federais – marcando o início de uma tropa de elite integrada.
“Foi uma quebra de paradigmas. Treinamos juntos, policiais civis e militares, e até mulheres, como as soldados Svetlâna e Viviane, únicas Caveiras do Nordeste na época”, destaca o coronel Iunes.
Operações que Marcaram História
O COE (e posteriormente o Bope) tornou-se referência no combate a crimes de alta complexidade. Entre as missões emblemáticas estão:
O sequestro de Frank Vieira (1997): 38 dias de negociação resultaram na prisão de 12 criminosos.
Resgates de reféns e desativação de bombas: Como no caso do artefato explosivo na Assembleia Legislativa (1996) e no Supermercado Bom Preço (1999).
Combate a assaltos a bancos e facções: Ações que reduziram a criminalidade na década de 1990.
A Evolução para o Bope
Em 2025, após 29 anos de atuação, o COE foi elevado a Batalhão de Operações Especiais (Bope), sob o comando do major Weniston Queiroz. A unidade agora conta com quatro companhias especializadas: Intervenção, Antibombas, Snipers e Negociação.
“Ser comandante do Bope é uma honra imensa. Somos a ‘última ratio’ da PMSE, preparados para as missões mais críticas”, afirma o major Weniston
O Resgate da Memória
Para o cabo Diego Silva Santos, Caveira formado no Distrito Federal em 2022, registrar essa história era uma missão: “Ouvi tantas histórias heroicas que não podiam se perder no tempo. Este relato é para inspirar as novas gerações a seguir o caminho desses heróis.”
Homenagem aos Pioneiros
O artigo encerra com uma reverência ao Caveira 18, subtenente Domingos: “Ele era a prova de que um Caveira não se define pela aparência, mas pela grandeza de sua alma. Sua história agora está eternizada.”
Fonte: PMSE
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