sábado, 8 de fevereiro de 2020

SOBRE NEGOCIAÇÕES EM EVENTOS CRÍTICOS - ESCREVE O MAJOR PM MARCOS CARVALHO.

Foto:  rede social

Eventualmente, quando somos chamados a agir como negociador em eventos diversos - Rebeliões em estabelecimentos prisionais, cárcere privado, tentativa de suicídio, reintegrações de posse, atos terroristas, movimentos sociais, etc - alguns dos repórteres em campo ficam de certa forma frustrados por não terem, ao final dos eventos, uma entrevista conosco. Alguns, com os quais tivemos a oportunidade de falar pessoalmente, já entenderam nossas razões. Para os que não tivemos tal contato é que ousamos explicar. 

O Estado de Sergipe possui, orgulhosamente, os melhores negociadores do país. Basta lembrar como se dão e quais os resultados país (e mundo) afora, e constatamos por cá que nossos resultados são tecnicamente melhores, a grosso modo: nós não perdemos vidas, nós as salvamos.  

Talvez não tenhamos o distanciamento necessário para perceber a história passando diante de nossos olhos, mas somos nós quem “exportamos” nossas expertises para os outros estados, tamanho o grau de confiabilidade, técnica e de resultados positivos obtidos. Não há como disfarçar o orgulho em dizer que, como Negociador Master, me envolvi em mais de 400 ocorrências durante mais de duas décadas, sem jamais ter perdido uma vida. 

Isto posto, gostaríamos de ressaltar que a doutrina de Eventos Críticos que seguimos, de padrão internacional e que ajudamos a construir, nos sugere que o responsável pela negociação decline de dar entrevistas por um período mínimo de 48 horas. Este tempo é necessário para uma recomposição psicológica, visto que lidamos apenas com nossas palavras e técnicas para auxiliar na resolução dos eventos de altíssima complexidade, e toda esta pressão cobra seu preço, ao final deles. Também se justifica pelo respeito às famílias, uma vez que nos são confiados os segredos e particularidades que jamais viriam a público caso não eclodisse a crise. 

Ainda que sejamos comunicólogos, e nossa postura sempre tenha sido a de dar transparência a tudo e a todos, rogo para que os colegas entendam a singela particularidade de tais ocasiões. O Comandante do Teatro de Operações e o setor institucional de Relações Públicas são, nestes momentos, os mais indicados para as declarações à imprensa. O negociador, NUNCA antes de 48 horas.

Esclarecendo tais motivações, esperamos manter e realçar a sadia parceria que sempre tivemos com todos os que fazem a imprensa sergipana, nesta dura missão de defender e informar nosso povo, que abraçaremos juntos. 

Marco Carvalho
Major PM

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