segunda-feira, 24 de agosto de 2020

“NÃO TENHO TANTA CERTEZA SE EDVALDO ESTARÁ EM UM POSSÍVEL 2º TURNO”, DIZ A PRÉ-CANDIDATA A PREFEITURA DE ARACAJU DELEGADA GEORLIZE TELES AO CINFORM.


A reportagem do CINFORMONLINE conversou com a pré-candidata a prefeita de Aracaju, a delegada Georlize Teles (DEM), que não só reafirmou seu projeto político, como enfatizou que tem sim serviços prestados para a sociedade e que se sente preparada para encarar o desafio. Georlize reconhece a importância de se ter um agrupamento político para fortalecer uma candidatura, mas pontua que carrega consigo o apoio da senadora Maria do Carmo (DEM), do ex-deputado José Carlos Machado (DEM) e quer manter “vivo” o legado do ex-governador e ex-prefeito João Alves Filho (DEM).

Ela entende que a gestão do prefeito Evaldo Nogueira (PDT) é “apática”, “não cumpriu o que prometeu” e “talvez nem vá para o 2º turno.

Confira a seguir esta breve entrevista na íntegra:

CINFORMONLINE: Iniciando a entrevista, vamos logo à pergunta que não quer calar: diante das composições que estão sendo formadas, sua pré-candidatura a prefeita de Aracaju é pra valer? De onde surgiu este projeto?

GEORLIZE TELES: Tudo começou de uma entrevista de Dr José Carlos Machado quando foi perguntado se o DEM reunia condições de disputar a Prefeitura de Aracaju agora em 2020, tendo ele citado dois nomes: o da senadora Maria do Carmo, que para nós é uma referência em Sergipe, sendo a única no País com três mandato; e na ocasião também citou o meu nome. No primeiro momento tomei aquele susto, porque não havia me programado ou pensado em entrar na disputa para a prefeitura, porém a partir daí comecei a analisar as demais pré-candidaturas, e entendi que reúno todas as condições para propor a minha pré-candidatura. Tenho história, tenho compromisso com a minha cidade, onde não fiz apenas o meu papel como delegada de Polícia, saí do gabinete e fui ouvir a comunidade. Isso fiz por onde passei. (INTERROMPIDA)

Mas o que a senhora fez, então? Além de sua atuação como delegada de Polícia, qual o “conteúdo” para querer disputar a eleição para prefeita de Aracaju? Como disse, não ficava em uma delegacia esperando as demandas chegarem! Fui para a rua, comecei a ouvir o povo, as comunidades. Dialogamos, levamos informações e, sem medo de errar, tenho certeza que sou a delegada que mais palestras e eventos promoveu nessa cidade e nesse Estado, conversando e ouvindo as pessoas, empregando o cidadão através do conhecimento. Criamos novas formas de acesso a políticas públicas, tais como o Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis. Sendo convidada a exercer outros cargos de gestão, não me limitei a fazer apenas aquilo que encontrei.

Busquei criar novas políticas públicas que contemplassem a necessidade das demandas postas, entre elas, criamos o gabinete de Gestão Integrada da SSP e do Município, construindo um diálogo mais direto e franco com todas as forças de Segurança buscando aperfeiçoar o planejamento em segurança. Também criei o Procon Municipal e dei efetividade a Defesa Civil de Aracaju com a criação do seu Departamento. Na SMTT construímos políticas públicas efetivas de mobilidade que mudaram a história da Instituição em Aracaju. E, ainda do ponto de vista legal, sou filiada a um partido e sou cidadã brasileira, portanto estou apta para ser candidata dado o desejo de levar políticas pública que de fato atendam ao povo.

Recentemente, em uma declaração polêmica, o deputado federal Fábio Mitidieri (PSD) ironizou alguns nomes postos pela oposição em Aracaju dizendo que “em novembro teremos não uma eleição, mas um concurso de delegados”. Qual a sua avaliação? O deputado Fábio Mitidieri é um rapaz inteligente, mas com todo respeito perdeu a oportunidade de ficar calado! São aqueles cinco minutos durante o dia, em que você acaba falando bobagens! Não queremos fazer da Prefeitura de Aracaju um distrito policial. Respeito muito a história do pai dele (Dr. Luiz Mitidieri) que é médico, e não lembro que em face de vários médicos entrarem na política transformassem a Alese em consultórios ou hospitais. Assim como temos jornalistas e radialistas que disputam, são eleitos e nem por isso as Casas Legislativas passam a ser emissoras de rádio ou jornais. Isso vale para advogados e todas as outras profissões (INTERROMPIDA)

Então, em sua opinião, o deputado federal foi infeliz na afirmação? Quero deixar bem claro para o deputado e para os demais que não precisamos ir para a Prefeitura de Aracaju para combatermos a corrupção e nem para enfrentar a violência. Isso já fazemos, e muito bem nas unidades policiais que respondemos. (Os delegados) somos pessoas bem resolvidas, decidimos e escolhemos uma profissão através de concurso público, com preparação e conhecimento jurídico muito apropriado. O deputado Fábio Mitidieri perdeu a oportunidade de ficar calado em emitir uma opinião sobre uma casa que ele não conhece, que é a polícia! Sempre respeitei o povo no exercício de minha profissão. E sobre mim, propriamente, a afirmativa é de quem desconhece a minha história. Fiz concurso para a Polícia, por escolha como profissão, e só muito depois fui candidata, tenho militância e compromisso social. O que eu não tenho é apadrinhamento político e nem pretendo faço da política profissão.

Em sua avaliação, até que ponto aquela Operação Serôdio, desencadeada pela Polícia Federal e pela CGU, pode interferir no resultado da eleição em Aracaju? Pra ser justa, vários parlamentares como a vereadora Emília Corrêa e o vereador Elber Batalha, entre outros, tentaram conseguir junto à Prefeitura o acesso à documentação do Hospital de Campanha. Isso não foi permitido sendo preciso que um grupo de pessoas com responsabilidade com Aracaju peticionassem requerendo a apuração dos fatos. Depois a Prefeitura, ao invés de colocar -se a disposição, com transparência mostrar os dados que se buscava, preferiu sair com uma nota atribuindo a disputa política e ainda tivemos outros políticos sergipanos que assinaram uma carta de apoio para dizer que o atual prefeito é um gestor correto, o que não estava em questionamento. O que houve naquela Operação foi o apontamento de possíveis irregularidades porque haviam indícios fortes e que só a Polícia Federal, MPF e CGU tinha competência para apurar. Quando os parlamentares questionaram, cobraram informações, a gestão tinha que ter se colocado à disposição para explicar, ponto a ponto, sem politização, sem falar em “complô”. (INTERROMPIDA)

Mas para algumas pessoas o prefeito Edvaldo estava com a reeleição encaminhada até essa Operação. Ela não representa um “divisor de águas” neste processo eleitoral da capital? Acho que o “divisor de águas” é exatamente a falta de capacidade que o prefeito teve de conduzir a gestão nesse momento pelo qual o município enfrenta a pandemia da COVID 19. Gerir uma cidade com dados favoráveis é bem tranquilo e cômodo. Gerir a cidade em meio à crise e enfrentar os problemas exige que o gestor demonstre capacidade de gerenciamento, em especial, é durante as adversidades que a qualidade e a capacidade do líder apareçam. Edvaldo não foi capaz de mostrar isso. Não demonstrou liderança, não dialogou com os empresários, com a classe empreendedora que gerava fomenta o emprego e renda para a população. Acomodou-se a partir do auxílio emergencial do governo Bolsonaro. Sua Secretaria de Assistência Social pouco atuou e o que a gente percebeu foi uma grande apatia da gestão municipal! Sem contar que a nossa saúde pública já se encontrava na UTI antes da pandemia. Edvaldo ficou à reboque do Estado, apenas “copiando”, quando deveria ter tomado a dianteira do processo em Aracaju. É tanta obra com caráter eleitoreiro que o resultado a gente viu nas primeiras chuvas. A água bateu e encheu a Avenida Rio de Janeiro; o mesmo ocorreu na Avenida Hermes Fontes. Não há escoamento! É a PMA “nadando em dinheiro” e o povo preso dentro de casa, sem dinheiro e sem saber o que fazer diante da fragilidade de nosso Prefeito Edvaldo Nogueira.

Agora quando falam em sua pré-candidatura é inevitável surgir logo o questionamento: quem é o agrupamento dela? Isso não tem incomoda? Não posso deixar de reconhecer que o agrupamento político fortalece uma candidatura. O gestor atual tem vários partidos apoiando sua reeleição, do outro lado, temos um grupo que se apresenta na oposição, que também formou um grupo com respaldo de vários parlamentares, seja na Assembleia Legislativa, no Senado Federal e na Câmara Municipal. Estamos nesse trabalho de reestruturação do DEM, temos ao nosso lado a senadora Maria do Carmo Alves, que continua muito forte e bastante reconhecida, como também o Dr. Machado e, mesmo sem poder vim presencialmente, temos o legado de João Alves Filho. Estamos dialogando, tranquilo e com responsabilidade, vamos levar esse projeto adiante. Não consigo entender as razões para determinados segmentos da imprensa ficarem negando a nossa candidatura. Mas isso não preocupa e a nossa intenção é ter sim o respeito e o reconhecimento do povo nas ruas. Essa pandemia me limitou muito, mas não tenho medo de disputar. Estou pronta!

Edvaldo Nogueira está em sua terceira passagem pela PMA e, em 2012, ele saiu bastante desgastado. Alguns erros da gestão do ex-prefeito João Alves Filho não findaram sendo decisivos para que o atual prefeito conseguisse retornar à PMA? A senhora falou em “apatia” da gestão. Não já há um desgaste natural desse grupo que comanda a Prefeitura, atualmente? As pessoas conversam comigo, ou me entrevistam, e se preocupam com o que vou falar sobre a última gestão de João Alves na PMA. Quero dizer que, se eu precisar negar Doutor João Alves para ser candidata a prefeita de Aracaju, eu nego desde já a minha pré-candidatura! Ele tem uma importância para a minha vida como gestora e por tudo o que fez e representa para Sergipe e Aracaju.

Nos dois primeiros anos em que esteve a frente da prefeitura de Aracaju. Fez muito mais que Edvaldo em 12 anos! Não fosse Dr João Alves, por exemplo, a nossa linda 13 de Julho hoje estaria correndo um risco ambiental extremo! Em menos dois anos ele conseguiu tirar o lixão eterno do Santa Maria! Enfrentou a empresa VCA que vinha causando vários problemas no sistema de transporte coletivo. Ampliou o trabalho da Guarda Municipal, criou o Procon Municipal e, conseguimos avançar e firmar o Consórcio da Grande Aracaju, mesmo com os demais prefeitos sendo de outras siglas partidárias.

Dr. João saiu da PMA deixando o protocolo e o edital para a licitação do transporte coletivo prontos. Hoje a Guarda Municipal está esquecida, os professores sem o piso do magistério. Os servidores da Prefeitura estão há quatro anos sem reajuste! Na gestão passada os salários foram reajustados anualmente, conforme estabelece Constituição Federal. A SMTT de Aracaju nunca avançou tanto e obteve o respeito da população sem gastar “rios de dinheiro”! Fizemos várias intervenções no trânsito da capital para garantir a mobilidade urbana. Todos os concursados da Guarda Municipal e da SMTT foram chamados! Zeramos a fila dos aprovados nos concursos da nossa pasta. Ainda lançamos o projeto da bicicleta pública! Deixamos os equipamentos para a instalação do videomonitoramento, que, segundo soube, só agora, o prefeito implantou, como se fora ele quem idealizou e viabilizou...

Muita gente fala agora do Hospital de Campanha da PMA, mas não existem “outras interrogações” em torno da gestão de Edvaldo? Lixo, feiras-livres, saúde e transporte? Sobre o transporte coletivo, nem a planilha de custos que antes passava pela avaliação da Câmara Municipal, antes que fosse concedido o reajuste das passagens, hoje existe mais. Quem decide isso, diretamente, é o prefeito e a SMTT! Na nossa gestão botaram fogo em ônibus, quebraram vários veículos. As cobranças eram maiores! A oposição, então, na época, cobrava demais! Inclusive do Ministério Público Estadual. Hoje a gente sente falta das cobranças pela licitação do transporte, por exemplo. Pior são as outras licitações feitas do lixo e das feiras que até hoje estão sendo questionadas. Tenho dito que o povo está cansado de palavras bonitas. As pessoas querem solução para os problemas da cidade! A revisão do plano diretor, por exemplo, ficou pronta no final da gestão anterior. Foram várias audiências públicas realizadas em todos os bairros da cidade. A população foi ouvida, participou, ficou tudo pronto, mas até agora o prefeito não moveu uma palha para consolidar o projeto.

E quanto ao governo federal? Qual a sua posição, como pré-candidata a prefeita de Aracaju, em relação ao presidente Jair Bolsonaro? Todo gestor que pensa em governar uma capital como Aracaju tem que, obrigatoriamente, que dialogar com o Governo Federal. Não dá para ficar fazendo “birra” e “colocar o pé na parede”! O povo da capital merece respeito! Tem muita gente querendo o legado de Bolsonaro agora. Mas, as pessoas votaram nele para presidente não porque o conheciam, e sim porque se identificaram com os princípios que ele estabeleceu como bandeira: A defesa da ética, do combate à corrupção, do respeito às pessoas, à família.

São princípios e valores que defendo por convicção de vida, de respeito ao ser humano, ao bem público. É preciso também ter o empresário como aliado do poder público porque eles fomentam a riqueza. Por muito tempo criaram uma imagem no Brasil que empresário era o “inimigo”, era o “vilão”. Nós vamos buscar um diálogo franco com o governo federal, não vamos ter bandeira ideológica. A nossa bandeira será em defesa do nosso povo de Aracaju e, todas as vezes que o Presidente da República fizer o bem para a nossa cidade, ele também fará parte da nossa bandeira. 

A senhora é pré-candidata, mas outros nomes da oposição também se lançaram. Como ainda teremos as convenções, existe a possibilidade de um entendimento ainda? Brinco dizendo que meu nome é sinônimo de diálogo! Acredito que tudo é possível! Talvez a gente não consiga uma união total, até porque sempre existe um dissenso, pois cada um tem o seu planejamento ou entendimento. Acredito que tenho capacidade de construir um diálogo ampliado! Sou mediadora de conflitos por aptidão, convicção e formação técnica. Ainda acho que a melhor formação se dará com o diálogo. Vamos em frente buscar construir um grupo com princípios e um eixo programático, pensando no melhor para Aracaju.

Concluindo a entrevista, se não existir um consenso no 1º turno, pelas manifestações e insatisfação com a gestão atual, pode-se concluir que a oposição estará unida em torno de um nome num possível 2º turno? Chegou a hora de dar a cidade um novo direcionamento político? Já são anos de um mesmo grupo e 12 do mesmo prefeito, de uma mesma gestão na PMA. Muitos problemas que diziam que seriam resolvidos, se arrastam até hoje! O atual prefeito bateu muito na tecla que sabia resolver, que sabia fazer, que já tinha experiência. A cidade precisa de mudança, merece essa mudança! E sobre o segundo turno, acredito que é provável até que tenhamos um enfrentamento de oposição contra oposição! Vejo duas “oposições” disputando, não tenho tanta certeza que o prefeito atual estará lá.

Há uma confiança excessiva no poder do seu marketing! Dizem que vários trazem um reconhecimento pelo cargos políticos, trago um reconhecimento pessoal e profissional pela forma que me conduzi. Vou carregar minha experiência de mediação e tudo aquilo que pratiquei em minha vida, além do respeito de entender ser imprescindível ouvir o outro.

Fonte:  Cinform (Habacuque Villacorte)

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