quinta-feira, 6 de maio de 2021

A COVID DEMOCRÁTICA E NA DEMOCRACIA: A (IN)CONSCIÊNCIA DO RECÔNCAVO AO RECONVEXO.


Era fim de 2019, obstinação para o término de dias até então considerados difíceis e esperança no ano vindouro, algo normal e  compreensível após os inúmeros episódios de rotação e translação, anoitecer e amanhecer. E como todo fim de ciclo no calendário, ele chegou!! Mal sabíamos, entretanto, quão excruciante seria.

Dois números ao final igualavam os dígitos de um ano que entraria para o contexto histórico mundial. 2020 apresentou-se com tudo e, fortuitamente, fez-nos intocáveis, distantes, submissos, duvidosos, robôs desprovidos de tecnologia e, agora, sem a "bateria" do que nos torna sapiens. O caos se instalou com a visita do "indefeso agente secreto".

Mas não era preciso pânico. Afinal, era só uma "gripezinha", nada que merecesse investimentos, prevenção, ou que fosse impactar na perpetuação da sociedade. Não foi assim!! Desgovernou!! 

Não foi uma gripezinha, mas um desconhecido, invisível aos olhos, relutante, altamente mutável e com potencial de letalidade talvez pouco visto pela ciência. Esse é o fantasma!!! Não é um surto. É uma pandemia!!

Não sabia-se sobre sintomas, medicações, causas, consequências. Acordados, fomos  assombrados pelo cortejado novo e obrigados a assistir de forma íntima cenas de caos e destruição. Como pode todo o planeta, meio que em "sintonia", estar de mãos unidas e atadas ao mesmo tempo?

Como pode aquela expectativa da paz na cor branca, no brinde à vida, de comer lentilhas, de pular sete ondinhas, a espera para assistir ao show da virada e tantas outras tradições do 31 de dezembro passarem de celebração à inquietude?

Está tudo ao avesso!! Estamos cercado de incógnitas. E nós, acreditando que estávamos vivendo o mal do século, cremos copiosamente no sentenciamento  da depressão e, hoje, somos réus do acaso, sobreviventes das intérpretes do existir, "silenciados" pelo que camufla o que temos de mais real quanto à demonstração de afabilidade: o sorriso. E essa camuflagem que nos defende.

Até quando suportaremos? Vamos simplesmente aceitar que é uma "limpeza espiritual?". Estamos vendo milhares de covas abertas e fechadas divulgadas em manchetes jornalísticas. Fome, miséria, desemprego, descaso. Mães e pais indo de encontro à "lei da natureza" e perdendo seus filhos para a Covid-19 sem nem poder velar, prestar a última homenagem, ver o caixão decorado com flores e seguir em cortejo fúnebre até a sepultura.

Não estamos preparados para a morte e jamais estaremos, porque fomos condicionados a viver para conquistar, para crescer. E, se é assim, se estamos em guerra com o oculto, que saibamos lutar, que aceitemos que é passada a hora de desbravar. E, para isso, não precisa ser um familiar, amigo, conhecido a partir. Basta sabermos que necessitamos de evolução contínua, mas não de mortes em série. 

Somos e precisamos ser cada dia mais amor. E, sim, é possível vencer. E vamos reviver tudo, mas por meio da memória de quem faz a estória ser documental. 

Entretanto, só fará parte dessa história quem não se anular, quem não pensar em si próprio, somente, acreditando que os demais fazem o mesmo e é "eu por mim e Deus por todos".

Que pensemos no outro ao usar máscara, ao respeitar o distanciamento, ao trabalhar para garantir o pão, mas também ao doar ao irmão. Que não nos prendamos às fake news, que fazem da era da informação, alienação, comércio e desrespeito.

Que aprendamos a clamar ao céu e chamar por Ele, único e Senhor do impossível.  Ele que pouco quer de nós e não pondera misericórdia ao afirmar que se "o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra". Afinal, essa é a verdadeira atitude de fé e é Nele a espera segura.

Peça, confie. Mas não aguarde o outro ser exemplo para que você seja plágio. Não busque culpados, não queira somente atribuir responsabilidades e nem desacredite da ciência. Considere que a sua parte é essencial no todo. Sendo individual, o processo de mudança inicia, se expande e a partir de então gera as mudanças almejadas, mas até então utópicas, decorrentes, talvez, do erro comum oriundo da falta de empatia para conhecer mais sobre o que subsidia o Estado estar com o poder que é do povo.

Mas se nenhuma dessas palavras foi capaz de trazer uma reflexão, ainda que ínfima, de apontar a sua responsabilidade no vendaval e para o remanso, desconecte-se. Todavia, repense. Porque ai daquele que, em era contemporânea, tecnológica, de massiva influência digital e limitada "fome do saber" ousar dispersar-se do real sentido de democracia e dos entraves advindos da soberania velada de um povo. Consciência é qualidade da mente e é lá que guardamos tudo o que pode ser até inconsciente. E se sempre é tempo para um despertar, acelere. "Quem não é recôncavo, não pode ser reconvexo".

Artigo escrito peça jornalista Iane Gois, DRT 1458-SE.

Comentário do blog:  Parabéns a nobre jornalista pelo brilhante artigo.

Um comentário:

  1. Sensacional! Como sempre, Iane Góis e seu "dom" com as palavras. Sou fã! Beijos, de sua eterna amiga e admiradora, Ana.

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