segunda-feira, 14 de junho de 2021

CASO COPEMCAN: MAIS UM ADVOGADO É INDICIADO POR PARTICIPAR DE ESQUEMA CRIMINOSO.


Na última quinta-feira, 10, a delegada de Polícia Civil, Suirá Paim, responsável pela investigação de um esquema criminoso dentro do maior presídio sergipano, o Complexo Penitenciário Manoel Carvalho Neto (Copemcan), em São Cristóvão, indiciou mais um advogado acusado de participação no crime.

Desta vez, Luiz Elias do Nascimento Neto foi indiciado pelos crimes de estelionato, associação criminosa, corrupção passiva e corrupção ativa.

A operação que culminou na derrocada do esquema criminoso aconteceu no último dia 1º de junho e as investigações já vinham sendo realizadas a cerca de 11 meses. A operação foi deflagrada pelo Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri) e a Divisão de Inteligência da Polícia Civil(Dipol).

De acordo com informações obtidas pelo Portal Fan F1 através de uma fonte, a quebra de sigilo de dados e comunicação telefônica dos investigados foi fundamental para embasar os pedidos de indiciamento e de prisão, busca e apreensão por corrupção ativa e passiva, exercício ilegal da profissão e estelionato.

De início, foram presos: os advogados Alessandro de Almeida Paixão, Lucas da Conceição Souza e Egildo da Cruz Machado, o policial penal Hélio Alves dos Santos Filho e a auxiliar administrativa Jéssica Lima de Almeida Souza.

Também foi comprovada a atuação do policial civil José Santos Leite, conhecido como Zé Leite, lotado na custódia de presos e ligado à Superintendência da Polícia Civil. Segundo as investigações, ele repassava a identificação e os procedimentos criminais dos custodiados para os outros reús Jéssica, Hélio, Egildo e Alessandro, que, em posse destas informações, se passavam por advogados e entravam em contato com os familiares dos presos. Zé Leite não está preso, pois foi encaminhado procedimento para a Corregedoria da Polícia Civil para que as providências fossem adotadas.

Os crimes vão desde a venda de declarações de custódia de internos, para acelerar o processo de reclusão, até a interceptação e oferecimento de serviços advocatícios aos detentos, por meio de suas famílias, sob promessa de imediata soltura.

Relembre o caso

Segundo o registro eletrônico, em junho de 2020, o diretor da unidade do Copemcan, Carlos Alexandre Soares, recebeu denúncias de que um servidor estaria vendendo declarações de custódia de internos, e que estas eram utilizadas para o auxílio-reclusão, bem como para remições.

A materialidade do delito se deu após o advogado Olímpio de Oliveira, que representava o detento Thiago Wallace dos Santos, questionar o prazo de remição de seu cliente com documento que nunca foi expedido pelo servidor responsável pela emissão.

Foi exposto que, na verdade, a mulher de Thiago, Alice, teria comprado o documento com uma mulher identificada como Márcia, que alegava ser namorada de um servidor de dentro do presídio e se comprometia a acelerar o processo de soltura dos detentos através de negociações por cerca de R$ 1mil.

Com a alteração, atribuía-se que o preso cumpriu um período mais longo em duas classes de trabalho, e isto acabava por reduzir sua pena. Neste ponto, o reú Hélio Alves dos Santos Filho é citado como um dos envolvidos, que teria acesso ao computador na portaria com login liberado e com acesso às remições.

No depoimento de Alice que consta no processo, argumenta-se que a mesma passou os dados de seu marido para Márcia, e que em 15 dias o documento de remição chegou ao email de Dr. Olímpio, advogado de Thiago. O advogado alegou ter dado entrada na remição, mas que não sabia que o documento era falso.

Um auxílio criminoso

Em um destes casos, a vítima foi a senhora Maria Madalena dos Santos, mãe de Michael Gustavo Pereira da Silva, que teria sido abordada por Jéssica Almeida, que, apresentando-se como advogada, alegou já ter conversado e analisado o caso de seu filho, afirmando ser extremamente necessário contratar seus serviços, ou o mesmo iria para a penitenciária.

Em depoimento, Madalena afirmou que Jéssica cobrou R$ 4 mil para acompanhar o caso, mas que na impossibilidade de pagar este valor, o mesmo ficou acordado em R$ 900. A mulher relatou ainda que o pagamento foi feito em mãos na porta do Fórum Gumersindo Bessa e, na oportunidade, outro advogado, o Lucas da Conceição Souza, chegou ao local e disse que mais R$ 4 mil reais seriam necessários para completar o procedimento. No entanto, conversando com o filho, a mulher descobriu que este nunca tinha visto ou conversado com Jéssica.

Fonte e foto:  Fan F1

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