sexta-feira, 29 de novembro de 2013

GOVERNO DO ESTADO FINANCIARÁ "BICO OFICIAL" NA PMESP.

Policiais militares de São Paulo. Foto: GOV/SP
Policiais militares de São Paulo. Foto: GOV/SP
Enquanto o governo do estado de São Paulo esteve politicamente alinhado com a prefeitura da capital paulista foi criada a chamada “Operação Delegada”, uma espécie de serviço de hora extra que os policiais militares trabalhavam para garantir maior presença policial nas ruas e uma complementação salarial para a tropa.
Com a eleição de um governo municipal de oposição, a Operação diminui significativamente, fazendo com que o governo do estado se mobilizasse para ele mesmo pagar o “bico” dos policiais:
Para complementar o efetivo da Operação Delegada, que perdeu força durante a administração do prefeito Fernando Haddad (PT), o Estado de São Paulo quer contratar policiais militares para trabalhar durante o horário de folga. O objetivo é ampliar o total de homens nas áreas com maior taxa de criminalidade e aumentar o salário dos PMs, evitando que façam “bicos” na iniciativa privada.
Segundo o comandante-geral da PM, coronel Benedito Roberto Meira, já morreram neste ano 123 policiais militares. “A maioria foi durante o bico. Esse risco diminui quando o PM trabalha pela corporação”, disse o coronel, que participou ontem do Fórum Pensar Paulista (veja mais ao lado).
Conforme o projeto, os valores das diárias especiais serão de R$ 185,95 para oficiais e de R$ 154,96 para praças. O governo poderá contratar 5 mil homens no Estado – 3 mil deles para atuar na capital.
Dados da PM mostram que diminuiu o efetivo de policiais pagos pela Prefeitura para trabalhar na Operação Delegada em diversas áreas da cidade. Na Avenida Paulista, por exemplo, havia 184 homens em três turnos. Atualmente, são 72. Na Avenida Faria Lima, o efetivo da Operação Delegada passou de 67 para 17. Na Rua 25 de Março, caiu de 200 para 80.
O projeto de lei que cria a permissão para o pagamento dessa jornada especial aos PMs foi um dos cinco enviados pelo Executivo à Assembleia Legislativa para beneficiar a corporação. Ontem, foram aprovados dois projetos. Um deles, estabeleceu o aumento da diária do vale-alimentação da PM, que passou de R$ 20 para R$ 40.
Também foi aprovada proposta que prevê a contratação de 5 mil oficiais administrativos concursados para substituição de soldados temporários. Segundo o governo de São Paulo, os oficiais administrativos serão civis e não precisarão frequentar as escolas da polícia. O objetivo com essa inovação é que os policiais militares se concentrem nas áreas fins, voltadas ao policiamento cotidiano.
O “bico oficial” do Estado deve ser votado na semana que vem, junto com outros dois projetos destinados à corporação. Um deles permite a promoção de 27.282 policiais em praticamente todos os postos. Outro permite a promoção ao posto imediato dos policiais aposentados que não haviam sido beneficiados entre os anos de 1991 e 2011.
As medidas fazem parte do pacote prometido pelo governador Geraldo Alckmin para compensar o aumento salarial anunciado em setembro à Polícia Civil. A medida desagradou aos policiais militares, que acusaram o governo de romper a isonomia salarial que há 30 anos beneficiava igualmente as carreiras.
A crítica à iniciativa do governo é evidente: em vez de dignificar o salário dos policiais e evitar sobrecarga de serviço, a iniciativa visa “transformar” um policial em dois – que talvez, do ponto de vista orçamentário, saia mais barato que um policial pago adequadamente e trabalhando em turnos de serviço menos onerosos.
Para exercer a atividade policial é preciso que o homem e a mulher policial estejam de bem consigo mesmos, ou correm o risco de gerar falhas no desempenho do serviço. Que a tendência passe a ser outra: de baixa carga de trabalho e dignidade salarial efetiva.
Fonte:  Abordagem Policial

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