terça-feira, 17 de março de 2015

BARRIL DE PÓLVORA: DESESTIMULADA PELO GOVERNO, TROPA DA PM PODE REEDITAR "OPERAÇÃO TARTARUGA" NO DISTRITO FEDERAL.


Nem a nota de pesar do governador Rodrigo Rollemberg lamentando a morte do sargento Reinaldo Francisco Vieira, e nem a presença dele no cortejo fúnebre ao cemitério Campo da Esperança, em homenagem ao militar assassinado no Itapoã, serviram para atenuar um sentimento de revolta abafado em meio à tropa da Policia Militar do Distrito Federal.

O assassinato do PM, morto em serviço ao ser atingido por tiros quando tentava socorrer uma mulher, vítima da brutalidade do marido na noite de sábado (14), foi a gota d’água para uma tropa insatisfeita e desmotivada desde a última “operação tartaruga”, ocorrida em fevereiro do ano passado e que poderá ser reeditada diante da grave situação que passa PMDF. A Polícia Militar quer parar.

Equipamentos sucateados

Para a maioria dos 3 mil policiais que compareceu ao ato fúnebre do companheiro morto, o sargento teria vindo a óbito não somente pelos tiros que levou de um reincidente e contumaz criminoso beneficiado por uma condicional, mas pela falta do socorro rápido que não conseguiu ter a sua equipe, apesar do esforço feito na em vão tentava de chamar por ajuda pela rede radio da PM. Os equipamentos sofrem com problemas generalizados e não tem o devido sinal na hora em que os policiais em operações nas ruas mais precisam.

As entidades organizadas que representam os mais de 15 mil praças e oficias da PM confessam ao Radar que dificilmente poderão controlar os ânimos para desarmar um barril de pólvora pronto a explodir.

Sem atendimento médico

O sonho de muitos policiais militares e seus dependentes acabou com o fechamento do Centro Médico da PMDF inaugurado em dezembro do ano passado no Setor Policial, onde funcionava a antiga Policlínica.

Projetada para oferecer um serviço alinhado com o que há de melhor nas boas práticas médicas, oferecendo o atendimento hospitalar que o policial militar e seus dependentes merecem, o hospital foi abatido pelo decreto de emergência da saúde decretado pelo governador Rollemberg em janeiro que, em tese, seria para melhorar o atendimento do sistema como um todo. Mas o hospital da PMDF ficou de fora.

Contratos da Saúde cancelados

Os contratos feitos foram cancelados o prédio está totalmente vazio. O atendimento precário de emergência ainda é feito por alguns hospitais conveniados que atendem alguns PMs, apesar da Policia Militar não repassar o que deve desde outubro do ano passado.

O Radar apurou que a instituição tem em seus quadros apenas 59 médicos para atender cerca de 180 mil prontuários e não tem a mínima condição de suportar a demanda. Como não pode fazer concurso público para a contração emergencial de médicos a saúde dos PMs virou um caos.

Os familiares dos militares não têm onde ser atendidos. O policial que entrar num confronto em serviço terá que recorrer a uma UPA lotado da rede pública.

Criticas ao Secretário de Segurança

O secretário da Segurança Pública e da Paz Social do Distrito Federal, Arthur Trindade, pode até ter muita experiência acadêmica, segundo a visão das entidades representativas, “mas ele nunca foi do front, não sabe o que é um batalhão ou uma atividade desempenhada por um delegado de polícia”, aponta um dirigente.

“Ele nunca esteve na linha de frente como um policial, seja civil ou militar. Segurança pública não se pode fazer apenas com teoria tem que ter pratica, tem que estar nas ruas” observa por sua vez um oficial de alta patente.

A debandada

A debandada é grande com pedidos de reserva diariamente publicados pelo Diário Oficial do DF. Não há reposição, não há concurso público e a tropa cada vez mais encolhendo e o volume de serviço cada vez mais aumentando em cima de quem permanece.

O Fundo Constitucional criado para organizar e manter a Segurança Pública e auxiliar a Saúde e a Educação, atualmente faz um caminho inverso: serve para manter a Saúde e a Educação e o que sobra é para auxiliar a Segurança Publica. O atual governo quer fazer outra inovação: vai utilizar o Fundo para pagar funcionários. Somando a isso, o plano de carreira da tropa, promessa não cumprida pelo governo anterior, continua em banho-maria no atual governo que prometeu a mesma coisa e nem fala mais sobre o assunto.

A "tartaruga" pode voltar

A morte do sargento Reinaldo Francisco Vieira, aflorou um descontentamento produzido por muitas causas que vem tornando o policial que está nas ruas em presa vulnerável no combate ao crime.

Problemas salariais, falta de assistência médica, falta de equipamentos, desmotivação e receios de perder as licenças especiais que estariam sendo transformadas em precatórios pelo governo Rollemberg, são alguns dos ingredientes que podem levar à tropa a gritar pela palavra de ordem “parar pra acertar”.

Fonte:  Radar

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