Cenário lembra concessionária, mas de motonetas, bicicletas e carros velhos de inquéritos nominados.
Foto: Jorge Henrique/ Equipe JC
Espaço nas delegacias já é pequeno para quantidade de veículos
Os pátios e estacionamentos das delegacias metropolitanas e do interior do Estado se transformaram em depósitos de carros, motos e motonetas que são apreendidos diariamente pelas Polícias Militar e Civil. Em Aracaju, a 3ª Delegacia Metropolitana (DM) tem um cenário inusitado: a entrada parece mais uma concessionária, mas que em nada lembra, sequer, de carros seminovos. Bem a vista do público, estão motos e motonetas velhas e até bicicletas. Cada uma delas, com um papel indicando a que inquérito pertence.
Como não há um espaço disponível no salão de entrada da 3ª DM, a alternativa do delegado Marcelo Cardoso, é colocar esse material embaixo de escada, perto do banheiro e também das duas celas – uma para homens e outras para mulheres. Isso porque, no estacionamento onde deveriam estar as viaturas e veículos particulares dos funcionários da unidade, não tem mais espaço para nada.
“A garagem, também, poderia ser utilizada para entrarmos com um preso. Mas não podemos fazer isso por falta de espaço”, afirmou Marcelo Cardoso. Ele lembra que os veículos apreendidos não são somente das ações da 3ª DM, porque a delegacia também se transforma numa plantonista.
Na Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos (DRFV) o número de carros amontoados no pátio é enorme e quantidade não para de crescer. O titular da DRFV, Tiago Leandro, disse que a liberação destes veículos depende de muitas coisas. Uma delas, é a falta de peritos especializados para fazer a checagem de chassis. Outro problema – que também ocorre da 3ª DM e demais delegacias – é as seguradoras, mesmo avisadas que têm que retirar os veículos, não fazem isso. E aí, os policiais – que já custodiam presos que deveriam seguir para sistema penitenciário – têm que cuidar dos veículos.
Um dos exemplos da falta de profissionais para fazer exames nos chassis é que a Coordenação Geral de Perícias (Cogerp) já mantém um ofício pronto e só altera os dados. Nos dias 8 e 18 de junho, a DRFV precisou de peritos, mas a resposta nos dois documentos foi idêntica: “ ficamos que impossibilitados de realizar o exame pericial no veículo (aí vem as características com veículo, como marca, ano, placa e número do chassi) em virtude de estarmos com os exames de adulteração, identificação de chassis e químico metalográfico em veículos suspensos, por não dispormos de profissionais com capacitação técnica específica”. O documento é assinado pelo diretor do Instituto de Criminalística, Antônio Carlos Silva Nunes.
Projeto de lei – O delegado geral da Polícia Civil, Everton Santos, reconhece o problema e diz que essa demanda tem que ser solucionada. “Nós temos a necessidade de encaminhar tudo que chega na delegacia para a Justiça. E ela não se pronuncia respeito daqueles bens, ao não ser quando um advogado requer aquele bem de volta. Mas como o advogado não requer ou quando o bem é de procedência duvidosa, como um carro roubada, a seguradora deixa lá. Nós não podemos vender, leiloar, não pode quebrar ele todo como a gente quer e não temos uma legislação específica para isso. Então, nós recebemos no Estado esse problema de veiculo desde que entrei como delegado”, ressaltou.
Everton disse que Secretaria de Segurança Pública está tentando viabilizar uma lei para leiloar os carros. “Mas eu sou contra leilão, gosto de retalhar o carro todo e vende-lo como sucata. Sou contra porque o carro velho adquirido, eles vão pegar peças para repor e muitas vezes não compra no comércio legal. Nós já identificamos que os veículos leiloados, há um carro roubado para exatamente para fardar aquele comprado em péssimas condições”.
O delegado geral disse que recebeu o modelo da lei que existe na Bahia que será adaptada a Sergipe. “Vamos ainda rascunhar essa lei, passar pela aprovação do secretário de Segurança e do corpo jurídico do Governo para que possamos incrementar. Temos que falar, ainda, com o Poder Judiciário. Se formos fazer um depósito, vai ser do tamanho do Oceano Atlântico, porque todo dia chega carro, moto, motoneta e nós vamos ter que ter um posicionamento a respeito disso. E o que não tiver procedência, a gente quebra logo”, explicou.
Sobre a falta de peritos, Everton explicou que “essas reclamações serão coisas do passado. Dos peritos que nós chamamos queremos que cada um seja especializado num determinado item: documentos copia, armas, incêndio, drogas. Então, o que tiver no Brasil de subsídio para buscar ou enviar o perito para estudar, para que nós possamos desenvolvê-lo profissionalmente e o termos como grande aliado. Teremos peritos de excelência”.
Fonte: Jornal da Cidade

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