Comandante da PM diz que 3.700 pessoas foram presas.
Coronel Maurício Iunes
“Estamos vivendo uma inversão de valores onde a sociedade está presa em seus lares e os delinquentes estão nas ruas. A responsabilidade por essa inversão seria a fragilidade da legislação brasileira”. A análise é do comandante da Polícia Militar de Sergipe, coronel Maurício Iunes. Dados oficiais da PM mostram que apenas neste primeiro semestre foram presas no Estado mais de 3.700 pessoas.
Segundo o comandante da PM, a legislação brasileira está deixando de proteger homens e mulheres de bem para defender delinquentes e faz com que a sociedade se abrigue em suas residências. “Está ocorrendo uma inversão de valores. A sociedade está ficando reféns de bandidos. Está sendo obrigada a ficar presa dentro de casa construindo muros altos e se cercando de segurança”, afirmou o coronel Iunes.
Para o comandante da PM, cabe à sociedade “acordar” de forma legal como é em um Estado democrático de direito e mudar a situação atual. Iunes foi categórico ao afirmar que a população não pode perder o direito constitucional de ir e vir em detrimento à liberdade de delinquentes.
O comandante arriscou que das 3.700 pessoas presas este ano, apenas pela Polícia Militar, mais de duas mil já se encontram em liberdade. Ele fez questão de isentar a responsabilidade do Poder Judiciário no que popularmente se chama pelos policiais “enxuga gelo”. “A legislação é que realmente não atende os anseios da sociedade. Não são os juízes, é a legislação que solta”, destacou.
Iunes disse que a sociedade, por falta de conhecimento, tem cobrado como solução para o fim da insegurança a presença da polícia, mas acaba esquecendo que as forças policiais têm prendido e o grau de reincidência é alto em Sergipe. “A reincidência é muito alta. O nosso maior problema na segurança não é simplesmente a ausência do policial militar e sim a reincidência no cometimento dos delitos”, comentou o comandante.
O trabalho “ineficaz” na redução da criminalidade tem sido observado no dia a dia pelos policiais militares. A reportagem apurou que especialmente em casos de roubos e furtos dentro de ônibus tem sido corriqueira a soltura imediata do acusado. A informação foi confirmada pelo comandante. “Temos exemplos que o delinquente deixa a delegacia no mesmo momento que a guarnição da PM”, lembrou.
Na semana passada, um exemplo de reincidência chamou a atenção da sociedade. O itabaianense Emerson Pereira da Silva, 21, o “Pateta”, foi morto após uma troca de tiros com um sargento da Polícia Militar à paisana durante uma tentativa de assalto na região central no Município de Moita Bonita. Ele respondia ainda pelo latrocínio contra a estudante Edjane dos Santos Mota, 32 anos, crime ocorrido no Município de Itabaiana em julho do ano passado.
Outro caso curioso foi a prisão de um elemento pelo crime de porte ilegal de arma de fogo. O rapaz foi preso em uma sexta-feira, com um revólver calibre 38. Três dias depois o mesmo elemento foi detido por policiais militares da Radiopatrulha com uma pistola 380.
Fonte: Jornal da Cidade (Paulo Rolemberg)
Nenhum comentário:
Postar um comentário