Como bem propaga o ex-governador Albano Franco, “Sergipe é terra de muro baixo, onde todos nos conhecemos”. Sem criar polêmicas, o empresário traz consigo a política nas veias, tem experiência, tem consigo as histórias da família e a sua própria marca, seja como governador ou parlamentar. A “análise” de Albano fora feita anos atrás, mas para todo bom entendedor da política local, ela continua atualíssima! E cai muito bem na “carapuça” do atual secretário de Estado da Segurança Pública, Mendonça Prado. Politizando tem profundo respeito por Mendonça, reconhece seus méritos e condena seus equívocos. Mas, antes de qualquer coisa, ele é livre para tomar as decisões que melhor lhe convierem.
Todos somos importantes para o crescimento do nosso Estado, no cotidiano de nossas cidades. Cada um com sua função social. Mendonça Prado se consolidou politicamente como um brilhante deputado federal. Sob as “graças” de líderes políticos expressivos como João Alves Filho (DEM) e Maria do Carmo Alves (DEM), ele chegou a ser uma das principais “vozes” da oposição em Sergipe e com grande respeitabilidade no Congresso Nacional. Autor de boas propostas, digno de uma oratória fantástica e muito bom no “embate político”, Mendonça consolidava cada vez mais seu nome e começava a construir uma liderança. Era respeitado até por seus adversários porque sempre respondia as críticas com trabalho.
Eis que João Alves Filho perdeu a eleição de 2006 e, naquele momento, era preciso culpar alguém. É sempre mais fácil do que reconhecer as próprias deficiências. Havia um sentimento de mudança no ar e, por mais que se fizesse, ninguém tiraria aquela eleição de Marcelo Déda (in memoriam). Crítico duro do petista, do ex-prefeito Edvaldo Nogueira, do Partido dos Trabalhadores e do hoje governador Jackson Barreto (PMDB), Mendonça elegeu mais dois “inimigos” na política: os irmãos Eduardo e Edivan Amorim. Passou a culpa-los pelo não êxito de João nas urnas, comprou para si uma questão familiar e foi determinante para que o DEM não formalizasse uma aliança com o PSC em 2008. Ele fora o candidato a prefeito da capital e se saiu bem, mas os irmãos Amorim foram fundamentais para a reeleição de Edvaldo Nogueira, naquele momento.
Dois anos depois, na contramão da maioria dos aliados de João Alves, que voltou a disputar o governo do Estado, Mendonça conseguiu impedir uma nova aliança com os irmãos Amorim. Resultado: João novamente derrotado e Eduardo o senador mais bem votado da história de Sergipe. A partir daquele momento cabia uma reflexão: quem estava certo? Mendonça e seu grupo ou os demais aliados de João e Maria? O rompimento político de Marcelo Déda com os irmãos Amorim, não resultaria numa reaproximação com João Alves, por pressão de Mendonça, mas no “apagar das luzes”, o acordo foi firmado e o democrata venceu a eleição de 2012 em Aracaju. Aliança que, mesmo com tantos problemas e insatisfações, persiste viva até hoje.
Mas Mendonça decidiu se rebelar em 2014. Com a candidatura de Eduardo Amorim para o governo, anunciou que não subiria no palanque; disse que fez campanha para Maria do Carmo, mesmo circulando pelo Estado com o agrupamento de Jackson Barreto e Rogério Carvalho (PT); deixou de lado todas as críticas que fazia publicamente, anos atrás, tudo por um orgulho pessoal. Caiu em descrédito junto ao grupo de João Alves, ficou fora do programa eleitoral gratuito na televisão e acabou suplente de deputado federal. Assistiu a vitória de JB sobre Amorim, é verdade, mas além de perder o apoio político histórico, jamais conseguiu a confiança do grupo que sempre atacou e denegriu. Restou-lhe, como prêmio de consolação, a difícil missão de gerir a Secretaria de Segurança Pública. Mesmo com a crise, os investimentos aconteceram, mas os crimes só se ampliaram. Sergipe que vinha numa crescente, disparou em registros de homicídios e chegou ao “TOP 4” dos Estados mais violentos do País.
Aquele brilhante parlamentar, cheio de grandes propostas e projetos, deu lugar a um secretário apagado, desacreditado e sem capacidade para reverter os resultados negativos da SSP. A relação com a tropa piorou, porque o “cobrador” de antes, agora não conseguia “executar”, sugiram logo as insurgências e seu projeto político foi “fritado” igual a sua imagem como homem público. Ainda é um político de “ficha limpa”, mas com poucos seguidores. Lhe faltou a competência que tanto cobrou de outros gestores. E agora, veio o anúncio que Mendonça Prado terá que deixar a SSP, logo após o Carnaval. Depois dessa “retrospectiva”, resta a Politizando apenas mais uma interrogação: será que valeu a pena? Isso só o próprio Mendonça Prado poderá avaliar e dizer...
Fonte: Coluna Politizando do jornalista Habacuque Villacorte
Nenhum comentário:
Postar um comentário