Essa “onda de violência” se espalhou por todo Estado, sobretudo no interior. Os assaltos a propriedades cresceram, o roubo de gado voltou com tudo e as drogas invadiram as cidades, fazendo, diariamente, muitas e muitas vítimas. Desde 2010 este colunista já falava que Sergipe sofria de uma deficiência no seu efetivo policial. Era necessário um concurso público emergencial. O governo fez “ouvido de mercador” e foi protelando. Quando os efeitos da insegurança aumentaram, cerca de três anos depois, os governantes decidiram promover um concurso, até para repor o quadro de efetivo. Uma quantidade grande de militares estaria indo para a reserva.
Ali ainda se demorou mais de um ano, para a realização do concurso, convocação dos aprovados e mais um ano de preparação no curso de formação. Nisso a criminalidade foi “ganhando corpo” e até se profissionalizando. Quando os bandidos perceberam a fragilidade no policiamento, decidiram invadir a capital e Grande Aracaju. Aumentaram os registros de assaltos, sequestros relâmpagos, furtos, arrastões a restaurantes e outros empreendimentos comerciais e, sobretudo, de homicídios. Hoje a realidade do efetivo policial continua deficiente e os marginais decidiram “ir para o ataque” e perderam o receio e o “respeito” que ainda mantinham pela autoridade policial.
Os assaltos ocorrem a qualquer hora do dia e em qualquer lugar. Tem sido comum o noticiário revelar que lojas nas principais avenidas da cidade e até supermercados estão sendo alvos escolhidos pelos bandidos. Além da consciência de que a resposta policial talvez não seja tão efetiva, pesa ainda outro problema: como colocado no início deste comentário, temos leis muitos brandas e um sistema penitenciário precário e bastante deficiente, que não consegue ressocializar quase ninguém. O bandido no Brasil comete um crime, é preso e ainda concede entrevista rindo para a televisão. É a certeza da impunidade, de que logo estará solto, fazendo novas vítimas ou que conseguirá fugir do sistema prisional, que também é muito precário.
Mas este colunista, em meio a todo este caos com que nos deparamos, faz outro alerta importante: no início da noite do sábado, uma emissora de rádio FM da capital foi invadida por bandidos e a locutora chegou a pedir ajuda “ao vivo”. Os pertences dos funcionários foram levados e parte do patrimônio depredado. O assalto, somado ao vazamento de alguns áudios da locutora pedindo ajuda, vazaram nas redes sociais, o que causou revolta por parte, sobretudo, de nós, comunicadores, setores da imprensa. Mas o que já estava ruim, ficou ainda pior com uma mensagem de um policial militar que, através de suas redes sociais, ironizou o ataque sofrido pela emissora de rádio.
Um posicionamento de uma minoria da Polícia Militar, mas que conquistou alguns apoios de outros colegas de farda, mas que, de sobremaneira, irritou ainda mais os comunicadores sergipanos. Desde as primeiras horas deste domingo, jornalistas e radialistas começaram a criticar as polícias, Militar e Civil, através das redes sociais, inclusive as manifestações de protesto, como a “Polícia Legal”, onde os servidores da SSP, simplesmente estão exercendo aquilo que a lei prescreve. Houve um equívoco forte do policial e de alguns colegas de profissão, mas isto não pode servir de estopim para uma “guerra” entre a polícia e a imprensa. Isso não acrescenta e apenas transfere as atenções de quem realmente precisa da energia policial: os bandidos. A relação entre os dois setores precisa continuar harmoniosa, até para que o combate ao crime seja mais efetivo e preciso. Agora é preciso sim, cobrar de quem está no comando, seja da Segurança Pública e, principalmente, do Governo do Estado.
Fonte: Faxaju (coluna Politizando do jornalista Habacuque Villacorte)
Nota do blog: Parabenizamos o nobre jornalista Habacuque Villacorte pelo lúcido e coerente artigo que escreveu.
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