sexta-feira, 7 de junho de 2019

SERGIPE É O 10º ESTADO QUE MAIS PERDE ÁGUA POTÁVEL DO PAÍS, APONTA ESTUDO.

Estado obteve média de 48% de perdas na distribuição, acima da média do país

Foto:  ilustrativa

Um estudo do Instituto Trata Brasil deste ano aponta Sergipe em décimo lugar entre os 26 estados do país e o Distrito Federal, em termos de desperdício de água potável nos sistemas de distribuição existentes. Apesar dos indicadores de perdas serem ruins há muito tempo, a escassez de água está dando luz ao tema, diz a entidade. Quase a metade da água não chega à população sergipana, conforme o estudo realizado com base em dados de 2017.

De acordo com o instituto, as perdas de água potável ocorrem de maneiras diversas, sendo as mais comuns os vazamentos, roubos/furtos e erros de leitura ou leituras imprecisas devido aos hidrômetros serem muito antigos. "As perdas são distribuídas entre físicas e aparentes", informa a entidade, que apresentou o estudo com dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), em parceria com a GO Associados. 

Em meio às unidades da Federação, Sergipe obteve média de 48% de perdas na distribuição, ficando em décimo lugar entre os estados avaliados, com índice (IPD) acima da média do país, de 38,3%. Goiás é o único estado que está abaixo dos 30% de perdas na distribuição; e Roraima é o que mais perde, com 75% de perdas de água potável. A perda de faturamento (IPF) em Sergipe chegou a 35,89%.

Além da crise hídrica que marca algumas regiões do país, como o Nordeste, a perda de água também afeta o abastecimento da população nas cidades. Aracaju, a capital sergipana, aparece na lista entre as 100 maiores cidades do país que, juntas, representam 40% da população do país, com perdas. O índice de perdas de água no sistema de distribuição (IPD) da capital foi de 33,29% e de 20,93% das perdas de faturamento (IPF) - este último considerado entre os vinte municípios com índice melhor avaliado. 

Os municípios que perderam mais e menos água foram Porto Velho - RO (77,11%) e Santos - SP (14,32%), respectivamente. Os dados mostram que 81% das grandes cidades têm perdas na distribuição superiores a 30%, existindo assim grande potencial de redução desse desperdício. De acordo com a tabela do estudo que elencou as cidades melhores ou piores avaliadas com as perdas na distribuição de água, Aracaju não aparece.

A região Norte foi a que mais teve perdas de distribuição de água, média de 55,14%, o que significa, segundo estudo, que mais da metade da água produzida não chega à população. O Nordeste ficou em segundo lugar, com 46,25%.

F5 News procurou a assessoria da Companhia de Saneamento - Deso, responsável pelo abastecimento na capital e em parte do estado, para obter esclarecimentos, e o órgão ficou de enviar resposta nesta sexta-feira (7).

No país

No país, as perdas de água na distribuição chegaram à média de 38,3%, maior em comparação ao ano de 2016, quando se verificou o percentual de 38,1%. Isso significou uma perda de 6,5 bilhões de m³, o equivalente a mais de 7 mil piscinas olímpicas de água potável perdidas todos os dias. Ou seja, para cada 100 litros de água captada, tratada e pronta para ser distribuída, 38 litros ficam pelo caminho. A perda de faturamento nacional foi de 39,2%, mais elevado que países em menos desenvolvidos, como Bangladesh, Uganda e África do Sul.

Segundo o estudo, se considerar apenas as perdas físicas (estimadas em 3,5 bilhões de m³), ou seja, vazamentos, as perda de água potável seriam suficientes para abastecer 30% da população brasileira por um ano - 60 milhões de pessoas. Vazamentos, furtos, erros de leitura do hidrômetro, entre outros fatores, teriam causado um prejuízo de R$ 11,3 bilhões em 2017 - valor superior ao total de recursos investidos em água e esgotos no Brasil em 2017 (R$ 11 bilhões). 

Entre as perdas físicas em subsistemas, como no tratamento de água e na distribuição, ocorrem vazamentos estruturais, nas tubulações, na rede, entre outros, que tiveram magnitudes significativas ou variáveis  em função do estado das tubulações, da eficiência operacional ou até das pressões. Nas perdas aparentes, o estudo indica a ocorrência de ligações clandestinas ou sem hidrômetros, hidrômetros parados ou que  subestimam o volume consumido, além de ligações inativas reabertas e erros de leitura. 

Para Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil, o cenário retrata um problema de gestão e que os investimentos na redução não vêm sendo suficientes para combater o problema. "Mais preocupante é pensar que num momento de crise hídrica não será suficiente pedir para que a população economize água se as empresas continuarem perdendo bilhões de litros por deficiências diversas”, diz ele no estudo.

Enquanto as perdas aumentaram, houve também maior produção de água para atender à população, ou seja, as cidades estão retirando mais água da natureza, cita o estudo, o que leva a crer, segundo o presidente, que está havendo maior consumo ou compensação do aumento das perdas.

*Com informações do Instituto Trata Brasil

Fonte:  F5 News (Fernanda Araújo)

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