Os líderes das entidades que representam os policiais militares em Sergipe precisam adotar um discurso de unidade. Tem horas em que cada um parece querer defender a “sua sardinha”, seja por um conflito de interesses ou por pura vaidade. É evidente que existem problemas também na estrutura da Polícia Civil – o objetivo deste comentário não é fazer comparações – mas apesar de sempre existir o contraditório, para a sociedade a impressão é que lá existe mais unidade.
É compreensivo que dentro da estrutura da PM exista um conflito entre “militares e militância”. As assembleias da categoria, das associações unidas (ou desunidas) provam isso: poucos comparecem! Uma categoria que sempre lutou para manter sua representação nos parlamentos é o Magistério. A ex-deputada Ana Lucia (PT) fez história na Assembleia Legislativa, hoje muito bem substituída pelo deputado Iran Barbosa (PT), que manteve a “chama acesa” durante suas passagens na Câmara Municipal de Aracaju e na Câmara Federal.
Os militares têm três representantes na CMA atualmente: os vereadores Cabo Didi (Cidadania), Cabo Amintas (PTB) e Zezinho do Bugio (PTB) e cabe a eles liderar esse movimento naquele parlamento e junto à opinião pública. O mesmo vale para o deputado estadual Capitão Samuel (PSL), na Assembleia Legislativa. Mas mesmo com tanta “representação”, a coisa não “engrena”, o discurso não se alinha. São vários anos de luta por melhorias salariais, por mais valorização e melhores condições de trabalho. Mas entre eles falta unidade...
Não basta liderar os movimentos e manifestações dos militares apenas no ano da eleição! Quem elege – e reelege – é a corporação! Tem que se fazer presente sempre, levantar a bandeira sempre! É preciso mobilizar, cobrar, exigir melhorias. E aqui não se trata de um “estímulo” para que a tropa afronte o Comando da PM. Não é isso! Mas o governo do Estado já deu demonstrações de “frieza” e sem luta não há conquista! Há quanto tempo o ticket alimentação do militar é R$ 8?
Até para dialogar com o governo, para sentar-se à mesa de negociação e se impor, a família militar precisa de unidade. Os líderes de Associações e entidades devem fazer essa reflexão. O Brasil hoje é presidido por Jair Bolsonaro. Odiado por muitos, amado por milhões. Há muito tempo um presidente da República não valorizava tanto os militares. Pelo País já temos governadores, senadores, deputados federais e estaduais eleitos em 2018 nesta “tendência”. Os militares de Sergipe precisam mudar a direção, precisam acreditar que podem. Em 2020 ou se unem para vencer ou vão perder sem se entenderem...
Veja essa!
As Associações Unidas da Polícia Militar, em nota, informam que a categoria decidiu unir-se às demais áreas da Segurança Pública no dia 19, no protesto programado em frente ao Palácio dos Despachos. Será um dia de mobilização, conscientização e pressão no “galeguinho”...
E essa!
A mobilização é contra o atraso e a defasagem salarial grave e sem precedentes. Os profissionais da segurança pública farão doação de sangue no IHHS (Instituto de Hematologia e Hemoterapia de Sergipe) às 7 horas. Durante o ato, serão distribuídas as cartilhas do Policia Legal, ações que abrangem Policiais e Bombeiros Militares, que orientará esses profissionais a agir estritamente dentro do dever legal.
“Polícia Legal”
Na nota as Associações explicam o movimento “Polícia Legal”. “São sete anos sacrificando suas famílias e agora precisa de um basta. Os militares são reféns dos bicos e dos extras pra completar sua renda. Sofrem com descaso do Governo do Estado que nada tem feito para melhorar as condições de trabalho e dar dignidade aos homens e mulheres que até aqui têm honrado com seus deveres”.
Violência I
Em janeiro passado este colunista já vinha alertando sobre a “onda de violência” que tomava conta de Sergipe. Mesmo sem ser especialista no assunto, quem acompanha o dia a dia do Estado percebe essa “movimentação” do crime. Em 2019 o Brasil registrou uma “queda histórica” no número de assassinatos.
Violência II
Os números são dos pesquisadores do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Núcleo de Estudos da Violência da USP. Mas, em contrapartida, no último trimestre do ano (outubro a dezembro) um terço dos estados teve uma alta de assassinatos, e Sergipe está entre eles.
Violência III
Santa Catarina, por exemplo, teve um aumento de 23,8% dos assassinatos em comparação com o último trimestre de 2018. Os outros estados que tiveram alta foram: Rondônia, Bahia, Sergipe, Espírito Santo, Amazonas, Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Sergipe
No comparativo com o mesmo período de 2018, Sergipe apresentou uma alta de 4,7%, atrás apenas da Bahia (4,8%), Rondônia (9%) e Santa Catarina (23,8%). Se alguém vai avaliar apenas como uma “variação circunstancial”, talvez esse crescimento tenha relação direta com a insatisfação dos profissionais da Segurança Pública, seja civil, seja militar.
Surtos
A prova é tamanha que cresceram os casos de “surtos psicológicos” de profissionais da segurança pública no Estado, chegando a colocar suas próprias vidas e de seus familiares em risco. O Governo focou apenas em “números” para reduzir os índices de violência e esqueceu-se do “homem”. Hoje o quadro voltou a ficar desfavorável...
Fonte: coluna Politizando do jornalista Habacuque Villacorte
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