quarta-feira, 17 de março de 2021

EM AUDIÊNCIA COM O MPSE E MPF, HOSPITAIS DA REDE PRIVADA RELATAM SOBRE O IMINENTE COLAPSO DA SAÚDE EM ARACAJU.


O Ministério Público de Sergipe, por meio das Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor de Aracaju e da 9ª dos Direitos do Cidadão Especializada na Saúde, e o Ministério Público Federal em Sergipe (MPF/SE) se reuniram, de forma virtual, nesta terça-feira, 16, com os representantes dos hospitais da rede privada de Aracaju. O intuito foi acompanhar a taxa de ocupação de leitos para pacientes com Covid-19 nos hospitais particulares, diante do iminente colapso na rede de saúde.

“Assim como na primeira onda da Covid-19, os MPS estão monitorando a taxa de ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTI), dos apartamentos e enfermarias nos hospitais da rede particular. Lamentavelmente a situação atual é gravíssima! Dois dos grandes hospitais de rede estão com os serviços de urgência e emergência suspensos e não têm mais capacidade de ampliação. Quase 90% dos pacientes atendidos atualmente são de Aracaju. Nesta segunda-feira, 15, os Ministérios Públicos expediram recomendação ao Município de Aracaju para que amplie com urgência o grau de restrição das medidas atualmente implementadas”, destacou a Promotora de Justiça de Defesa do Consumidor, Euza Missano.

Durante a audiência, os MPs solicitaram à rede privada, em termos percentuais, o número de pacientes de Aracaju, considerando a taxa de ocupação de leitos, e informações sobre o atual cenário enfrentado pelas unidades de saúde:

– Hospital São Lucas – 97% de pacientes na UTI / 93% dos pacientes em outras alas – procedentes de Aracaju; dos 194 leitos do Hospital, 150 são pacientes Covid-19; mais de 90% são pacientes de Aracaju; possui estrutura física para aumentar a quantidade de leitos, mas não teria equipe médica, de enfermagem e de fisioterapia para atender os pacientes; recebe entre 18 a 20 pacientes com Covid-19 por dia, sendo que cerca da metade deles precisa de UTI.

– Hospital Primavera – 88% de pacientes na UTI / 88% em internamento – também de Aracaju; não há condições de ampliação de leitos, diante da ausência de ventiladores (respiradores); na primeira onda da Covid-19 chegou a 84 pacientes internados, enquanto na segunda onda chegou a 97 pacientes, registrados no dia 15; primeira onda cerca de 30% dos pacientes iam para UTI, na segunda onda acima de 50% dos pacientes necessitam de UTI.

– Hospital Unimed – 83% dos pacientes são de Aracaju; foram realizadas diversas adaptações no Hospital para atendimento aos pacientes, mas está esgotada a capacidade de ampliação, respeitando os espaços existentes e as equipes médicas para assistência; está em 126% da taxa de ocupação, com recursos humanos esgotados no mercado e sem vaga para pacientes graves; internou no mês inteiro de julho de 2020 (pico da primeira onda da pandemia) o mesmo número de pacientes em março de 2021 no período de 15 dias, demonstrando que a segunda onda é muito mais grave, devido a taxa de internação, gravidade dos casos e tempo de internação; os pacientes agravam em 24 horas, necessitando mais rapidamente de intubação.

– Hospital Renascença – 02 pacientes estão intubados na urgência e 06 pacientes estáveis esperando vaga na UTI, pois podem desestabilizar a qualquer momento; a urgência foi transformada em UTI de contingência para conseguir manter o atendimento para pacientes com Covid-19; 28 pacientes estão intubados na UTI.

– Hospital Gabriel Soares – atende apenas pacientes da Rede Hapvida; a média de ocupação é de cerca de 80 a 90%, já tendo atingido semana passada o patamar de 100%; 90% desses leitos Covid-19 são pacientes de Aracaju.

– Clínica Santa Helena – gestantes com Covid-19 são encaminhadas pelos hospitais gerais para realização dos partos na maternidade e posteriormente retornam para o hospital de origem; não possui UTI adulto.

Fonte:  MPSE

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