quinta-feira, 17 de março de 2022

PCC JÁ ATINGE O STATUS DE ORGANIZAÇÃO MAFIOSA, DIZ PROMOTOR DE JUSTIÇA.

Helicópteros do PCC apreendidos na operação Além-Mar, em agosto de 2020. Facção criminosa já operou frota superior à das forças de segurança paulistas

O PCC (Primeiro Comando da Capital) já atingiu o status de máfia, afirmou o promotor de Justiça Lincoln Gakiya em entrevista ao repórter Lucas Martins, exibida nesta terça-feira (15) no programa Brasil Urgente, da Band.

Segundo Gakiya, o que faltava para o PCC se tornar uma organização mafiosa era a lavagem de dinheiro no exterior, o que já vem acontecendo. Somente em São Paulo, existem vários processos contra integrantes do grupo envolvidos na atividade.

Em processos que tramitam na 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital, ao menos 20 réus são acusados de movimentar R$ 1,2 bilhão do PCC no período de janeiro de 2018 a julho de 2019.

As investigações apontaram que o grupo criminoso mantinha casas-cofres para esconder o dinheiro --arrecadado com o tráfico internacional de drogas-- e também veículos com compartimentos secretos usados para transportar quantias milionárias aos doleiros contratados pela organização.

Na Justiça Federal também estão em andamento processos contra um braço financeiro do PCC acusado de ter movimentado R$ 32 bilhões em quatro anos. Investigações da Polícia Federal e da Polícia Civil de São Paulo chegaram aos nomes dos mesmos doleiros envolvidos na lavagem de dinheiro.

Agentes da Polícia Federal apuraram que o braço financeiro do PCC montou 78 empresas de fachada em várias regiões do país, mantinha o próprio banco do crime e utilizava até transportadora de valores para entregar e receber dinheiro.

Planilhas apreendidas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), órgão subordinado ao Ministério Público do Estado de São Paulo, mostram que apenas no primeiro semestre de 2018, a entrada e saída de dinheiro do caixa do PCC atingiu o montante de R$ 140 milhões. 

De acordo com o Gaeco e a Polícia Federal, além de empresas de fachada, o PCC lava capitais adquirindo --em nome de laranjas-- aeronaves, imóveis de luxo, coberturas em balneários, veículos importados e investindo o dinheiro em postos de combustíveis e em criptomoedas.

As investigações apontam ainda que, no Brasil, o PCC tem ligações com máfias estrangeiras, é o maior exportador de drogas para a Europa e envia por mês ao menos uma tonelada de cocaína para Espanha, Portugal, França, Itália, Alemanha e Holanda por vários portos do país, principalmente o de Santos.

Fundado em 31 de agosto de 1993 no sistema prisional paulista, o PCC tem raízes em todo o Brasil e no exterior. Em pouco mais de duas décadas de existência, a organização expandiu os negócios ilícitos, especialmente o tráfico de drogas, e passou a ser considerada um cartel por especialistas em segurança pública. Hoje já atingiu o patamar de máfia, diz Lincoln Gakiya.

Fonte:  UOL (Josmar Jozino)

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