quarta-feira, 29 de outubro de 2025

A OUTRA FACE DA MOEDA: SACRIFÍCIO DE SERVIDORES E PRESTADORES - UMA ANÁLISE DA SITUAÇÃO FINANCEEIRA DO ESTADO DE SERGIPE.


Só uma lembrança: em 2007, quando Déda assumiu o governo pegou o Estado quebrado e Nilson Lima, assumiu, cuidou e o mais importante, deu espaço para o desenvolvimento responsável de todas as secretarias. Administrar com dinheiro e casa arrumada – como Belivaldo arrumou – é fácil, sem Caixa como Déda iniciou é outra coisa. Ou vai dizer que Fábio pegou o governo quebrado? Aí atacará outro colega, o competente Marco Queiroz, hoje no Banese.

Contrariando o otimismo dos dados oficiais, a denúncia que motivou  esta reportagem com a desvalorização dos servidores, aponta também para uma prática de retenção de pagamentos a empresas prestadoras de serviço. Faturas, reequilíbrios e indenizações, que seriam direitos líquidos e certos, estariam sendo represados pela Sefaz. Essa manobra – segundo conversas com diversos secretários amigos e que estão engessados – inflaria artificialmente os índices de gestão, apresentando ao governador uma falsa imagem de competência e controle de gastos, à custa da saúde financeira de pequenos, médios e grandes empresários.

O setor de serviços, que, ironicamente, é o que mais emprega em Sergipe e vive um momento de forte expansão – com crescimento de 7,4% em agosto de 2025 [1] –, seria o principal alvo dessa política. A situação se agrava com a chegada do final de ano, período em que as empresas enfrentam o pagamento do 13º salário e outras despesas sazonais.

Para completar o cenário de apreensão, circula a informação de que a Sefaz planeja uma redução de 20% no efetivo de trabalhadores contratados, o que representaria um golpe adicional para as empresas de serviços e uma medida de grande impacto social em plena época de festas, com potencial para gerar um prejuízo incalculável à imagem do governador Fábio Mitidieri.

O Funcionalismo na Mira do Ajuste

A insatisfação não se restringe ao setor privado. O Sindicato do Fisco de Sergipe (Sindifisco) acusa o governo de proteger a elite empresarial e favorecer a sonegação ao enfraquecer a categoria dos auditores fiscais. Em junho de 2025, o sindicato denunciou que, mesmo com o aumento da arrecadação e folga nas contas públicas – o comprometimento com pessoal estaria em 39,84%, bem abaixo do limite legal de 60% –, o governo se recusa a conceder reajustes salariais e ainda posterga as negociações [2].

“O Fisco incomoda as elites. A gente sabe que a elite política e a elite econômica andam de mãos dadas. Talvez esse fato incomode. Não querem incentivar o Fisco a fiscalizar mais e combater a sonegação porque isso atinge essa elite empresarial que anda junta com a elite política do Estado de Sergipe”, disparou José Antônio dos Santos, presidente do Sindifisco, em entrevista ao portal Mangue Jornalismo [3].

Análise: Uma Estratégia de Risco

Ao que tudo indica, a gestão da secretária Sarah Andreozzi na Fazenda de Sergipe adota uma estratégia de duplo padrão. Por um lado, apresenta resultados macroeconômicos positivos, com recordes de arrecadação e reconhecimento nacional. Por outro, implementa uma política de austeridade que, segundo as denúncias, penaliza a base da pirâmide econômica e social: os trabalhadores do setor de serviços e os servidores públicos.

A retenção de pagamentos a fornecedores, se confirmada, é uma prática que pode gerar um efeito cascata devastador. Empresas, sem receber o que lhes é devido, podem atrasar salários, demitir funcionários e até mesmo ir à falência. Isso, por sua vez, impacta diretamente o setor de serviços, o motor da economia sergipana, e contradiz o discurso de um ambiente de negócios favorável.

A possível redução de 20% nos contratos de terceirizados em pleno final de ano soa como uma medida de extrema crueldade e falta de sensibilidade política. O desgaste para a imagem do governador Fábio Mitidieri seria imenso, e a secretária da Fazenda, com sua aparente blindagem técnica, parece não se preocupar com as consequências humanas e políticas de suas decisões.

Ao priorizar os números em detrimento das pessoas, a gestão da Sefaz corre o risco de transformar um aparente sucesso fiscal em um profundo fracasso social e econômico. A máscara da competência, sustentada pelo sacrifício de empresários e trabalhadores, pode cair a qualquer momento, revelando uma face de má gestão e insensibilidade que nem os recordes de arrecadação serão capazes de esconder.

Nestes dois artigos, o blog quis apenas ecoar o que está ocorrendo nos bastidores do governo. Aliás, prudente como é, o governador Fábio Mitidieri deve ter algum auditor de confiança que possa referendar ou não o que foi exposto no artigo de ontem e no de hoje. A certeza é que o governador não é tolo, tem bom senso e é sábio o suficiente para refletir sobre temas profundos e duvidosos.

Fonte:  blog do jornalista Cláudio Nunes

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