O sergipano foi pego com surpresa diante da propaganda do Governo do Estado dando publicidade à reportagem da Revista Exame, de circulação nacional, colocando Aracaju como “a 29ª cidade mais segura do Brasil”, na atualidade. Para boa parte da sociedade, a informação soou como “deboche” ou “ironia”, tendo em vista que Sergipe “ostenta” o título de Estado mais violento do País. Criou-se um profundo descrédito em relação a informação e este colunista decidiu verificar, até para esclarecer os fatos para os leitores em geral, e até para não ser injusto com o Poder Executivo.
A informação da Revista Exame é fruto do ranking Connected Smart Cities, da consultoria Urban Systems, o que realmente isenta a Comunicação do Governo do Estado. Mas alguns aspectos, já de pronto, chamam bastante atenção, sobretudo quanto a uma informação relevante e que fora “ignorada” pela Secom: se Aracaju fosse a 29ª cidade mais segura do País, isso seria fruto de um trabalho em conjunto das Polícias, Militar e Civil, mas principalmente da Guarda Municipal, que foi completamente estruturada na gestão do ex-prefeito João Alves Filho (DEM).
Em síntese, se alguém tinha que “comemorar” o resultado dessa pesquisa eram os responsáveis pela gestão anterior na PMA que, segundo os números, teriam contribuído e muito, para que os índices da violência fossem minimizados. Esta informação é ainda mais relevante porque, nos mesmos levantamentos em 2016 e 2015, Aracaju não aparece nem entre as 50 mais seguras, sequer teve pontuação, e, de repente, agora na gestão de Edvaldo Nogueira (PCdoB), a capital já é a 29ª? Como perguntar não ofende nunca, qual a “mágica” da PMA? E do Estado?
Mas não são os números apenas que despertam essa curiosidade. O que mais impressiona é que nós, cidadãos, não temos esta percepção, esta sensação de segurança que a Revista Exame propagou para o País inteiro. A nossa realidade é até bem diferente, com presídios superlotados, com delegacias com estruturas deficientes, com assaltos e sequestros relâmpagos a toda hora e em qualquer lugar, sem contar os registros de homicídios. Enquanto a população se “tranca” dentro de casa por conta da violência, vem uma Revista isenta, diga-se de passagem, e publica uma informação como essa, no mínimo, deixa o aracajuano com muitos questionamentos a fazer.
Mas outro ponto chama atenção: pelo levantamento da consultoria Urban Systems, apenas entre as capitais, Aracaju é a 5ª mais segura do Brasil. Por sua vez, este colunista consultou a mesma Revista Exame, que em abril passado publicou um estudo da consultoria Macroplan, comparando os números das 26 capitais brasileiras (exceto o Distrito Federal) em 16 indicadores divididos em quatro áreas distintas: saúde, educação e cultura, segurança e saneamento e sustentabilidade. No mesmo quesito Segurança, nossa capital foi apenas a 22ª, a frente de Maceió (AL), Teresina (PI), Fortaleza (CE) e São Luís (MA).
Com todo respeito ao governo do Estado não custa fazer um “autoexame” e até questionar a Revista sobre os números de Aracaju. Até para não colocar o governador Jackson Barreto (PMDB) e o prefeito Edvaldo Nogueira em uma situação desconfortável. Para que fique claro, este colunista não questiona a idoneidade da Secom, tendo em vista que os dados são verdadeiros, mas são bastante questionáveis esses levantamentos com números absolutamente opostos. Porque, até então, para toda a sociedade, apesar de bem questionados, JB e Edvaldo são gestores públicos e não mágicos. Ou seriam ilusionistas? Eis a questão...
Fonte: iSergipe (Habacuque Villacorte)
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