quarta-feira, 30 de agosto de 2017

VIOLÊNCIA TOMA CONTA DO MERCADO ALBANO FRANCO.

Tráfico de drogas, assassinatos, prostituição e constantes roubos assustam consumidores e vendedores
Foto: André Moreira

Assassinatos, tráfico de drogas, prostituição e muitos roubos fazem parte do cotidiano dos comerciantes do Mercado Albano Franco, no Centro da capital aracajuana. No último final de semana, um matador de aluguel identificado como Leone Costa causou tumulto ao disparar tiros contra uma mulher e um segurança durante uma seresta no estacionamento que fica ao lado do mercado central. O crime havia sido encomendado e o suspeito recebeu R$ 600 para praticá-lo. A população chegou a atear fogo contra um carro, indignados com a situação, segundo informações do cabo Novaes, da Polícia Militar do Comando do 8º Batalhão. Esses fatos têm deixado vendedores e consumidores assustados com a violência no local, porém, alguns afirmam que se trata de algo corriqueiro e o problema está na falta de segurança pública. 

Dona Maria José, vendedora de verduras do mercado Albano Franco há cerca de 20 anos, se exaltou ao revelar para a equipe do JORNAL DA CIDADE a real situação a qual é obrigada a conviver diariamente enquanto trabalha. Ela conta que o tráfico de drogas permeia o local. Além disso, roubos acontecem a todo momento e o máximo que o guardas municipais permanecem no mercado é por cerca de 10 minutos diariamente, segundo a comerciante. 

“Vocês estão vendo algum guarda aqui? Eles nunca estão por aqui. Quando acontece algo que precisamos chamar algum fiscal, eles estão tão longe que dá tempo de o assaltante fugir facilmente. Mas, pode perguntar isso a qualquer outro vendedor aqui e eu garanto que alguém vá dizer isso que estou falando. Sabe por quê? Porque todos têm medo. Sofrem ameaças. Eu mesma já fui ameaçada, mas, não tenho medo de bandido”, disse revoltada. 

Um carregador que estava próximo ao local no momento da entrevista também confirmou que o tráfico de drogas é constante. “Eles vendem como se estivessem vendendo farinha, feijão. É muito comum. O que mais tem é tráfico”, disse o rapaz, que se afastou do local sem querer se identificar. Outros comerciantes também preferiram se abster de passar informações, deixando a sensação de que, realmente, se tornaram reféns dos traficantes, como disse dona Maria José. 

“Eles próprios (os carregadores) sinalizam para os traficantes quando a polícia chega por aqui. Fazem esse sinal, sabe o que significa isso, não sabe?”, questionou Maria José fazendo um movimento com a mão no tórax. Sobre a tentativa de homicídio ocorrido na madrugada de sexta, 25, para sábado, 26, o carregador antes de se afastar afirmou que estava sabendo do ocorrido. Já Dona Maria José desconhecia, mas, segundo ela, o local onde acontece a seresta é de clima bastante tenso diariamente. “Passe lá para você ver. Vai é se benzer das coisas que tem por lá dia e noite”, afirmou fazendo o sinal da cruz. 

A equipe do JORNAL DA CIDADE circulou por todo o Mercado Albano Franco na manhã desta terça-feira, 29, por cerca de 30 minutos. Na lateral do Mercado, próximo à rampa de acesso, muitos homens reunidos em rodinhas ficaram encarando o fotógrafo da equipe. Em alguns momentos passavam homens ou mulheres em estado físico suspeito, aparentando estar sob efeito de drogas. Tudo isso por volta das 10h da manhã. 

De acordo com o assessor de comunicação da Polícia Militar de Sergipe (PM), coronel Paulo Paiva, a segurança dos mercados centrais de Aracaju é de responsabilidade da Guarda Municipal. Mas, a PM realiza o trabalho de policiamento ostensivo de prevenção em todo o entorno dos mercados e no centro da cidade. “A primeira Companhia do 8º Batalhão faz o policiamento ostensivo na área do centro da cidade, naquelas ruas do entorno. E, obviamente, compete a nós fazer esse patrulhamento e a prevenção criminal nessas áreas”, afirma o coronel. 

Sobre o combate ao tráfico de drogas, o coronel Paiva ressalta que a PM tem feito o patrulhamento nesse sentido e tem conseguido a prisão de pessoas que são encontradas com uma quantidade de drogas que indica o tráfico, porém, o maior problema é o usuário.  

“O uso de drogas ainda é crime. Mas, não há mais pena para quem é usuário de droga. E a grande maioria de pessoas que vivem por ali, que são vulgarmente chamados de “nóias”, são pessoas completamente debilitadas, que virou um morador de rua, que se entregou completamente ao vício. Esse é um problema muito maior do que somente segurança pública. É um crime o uso da droga, porém, não tem pena privativa de liberdade. Não temos como prender essas pessoas. Mas a legislação prevê que essa pessoa seja colocada num tratamento. Mas, nós temos essa condição ou estrutura para isso? Essa questão do tráfico de drogas é muito complexa e que está intimamente ligada à violência. Porque essas pessoas fazem qualquer coisa. Elas perderam os valores”, explicou o coronel. 

Segundo a assessoria de comunicação da Guarda Municipal de Aracaju (GMA), existe uma guarnição fixa que atua diariamente, 24 horas por dia. No Mercado Albano Franco existe uma base de apoio, com um posto de atendimento, pois é um dos locais com maior número de pessoas circulando. Apenas nove agentes da GMA atuam diariamente efetuando rondas a pé pelos três mercados centrais, Albano Franco, Fernando Franco e Thales Ferraz, e utilizam uma viatura para fazer as rondas nos dois terminais de ônibus do centro. 

“Até o momento, nove guardas por dia têm se mostrado um número suficiente para atender os três mercados. A prova são os índices de ocorrências de crimes e de assaltos que tem diminuído consideravelmente”, afirmou o assessor da GMA, Rogério Cesar. 

Fonte:  Jornal da Cidade

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