quarta-feira, 17 de junho de 2020

A NATUREZA E SUAS RESPOSTAS POR EDISON ULISSES DE MELO*.


Nesses tempos da pandemia, medito sobre a origem de vírus que, periodicamente, afligem a humanidade. Após refletir, indago: não seria o homem responsável pelo surgimento dessas pandemias por agredir o meio ambiente, em suas mais diversas formas? Pela morte indiscriminada de insetos e ou animais úteis ao próprio homem – como as abelhas, responsáveis pela polinização das plantas e produção de alimentos, aves e outros seres que habitam as florestas – por meio de utilização de agrotóxicos e caça predatória daqueles que preservam o equilíbrio ecológico no planeta? Não seria pelo despovoamento dos mares e oceanos, atingidos por toda espécie de lixo, além da pesca indiscriminada? Não seria talvez pela má utilização dos resíduos gerados por nós humanos, os desmatamentos sem controle, em nome do lucro, a qualquer custo, com o agronegócio? Ou será pela falta de esgotamento sanitário na ausência de políticas públicas dos governos em infraestrutura básica?

Não se poderia esperar que a natureza não tivesse respostas aos ataques insanos que sofre pela mão impiedosa do homem. Ela é paciente, pode tardar, mas não deixa sem respostas as agressões sofridas. Daí ela nos retorna tudo aquilo que, contra ela, foi assacado com formas inusitadas de agressores, obrigando os poderosos a reconhecerem as suas fragilidades, os vaidosos a se humilharem, ajoelhando-se derrotados diante do invisível desconhecido. Os distantes se aproximarem, as famílias se reencontrarem, os indiferentes a notarem o outro, diminuírem as distâncias e aumentarem o desejo do abraço, do cumprimento, fazendo brotar nos corações maior solidariedade. O mundo da ciência, assustado pelo desconhecido, é chamado a encontrar respostas, a empenhar-se em pesquisas buscando encontrar instrumentos eficazes para o seu combate por meios diversos como as vacinas, medicamentos e tantos outros.

Enquanto as respostas científicas não surgem, muitos sofrem ou até vão a óbito por consequências de soluções falsas, malengembradas ou improvisadas. Tentam esconder ou fazem questão de não lembrar que estão diante das consequências por atos que praticaram no passado. Aí caem na realidade e, antes de olharem pelo retrovisor, passam a perguntar a si mesmos pelas causas das pandemias.

Há os que, sem noção, acusam de forma leviana países de terem sido geradores, em laboratório, do agressor que o mundo enfrenta, o tal vírus. E que essas nações seriam motivadas por um propósito odioso para, com isso, desmantelar as economias concorrentes, prejudicar países e alcançar a hegemonia mundial. Hipótese pouco verossímil, creio.

Desatentos ao que foi produzido pelo próprio homem tido por civilizado, relutam em admitir que é o próprio homem responsável por sua desgraça, comportando-se sem olhar para frente, ou em cegueira conveniente, rifando o presente e as gerações futuras.

Para finalizar esta reflexão, vale o adágio popular de que “quem planta vento colhe tempestade”.

*Desembargador do TJ/SE, ex-Presidente da OAB e da Comissão Nacional de Direitos Humanos do CF/OAB, ex-Ouvidor Geral do TJ/Se, ex-Procurador Geral do Estado e – ex-Vice-Presidente do TRE/Se.

Fonte:  blog do jornalista Cláudio Nunes

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