quarta-feira, 28 de novembro de 2012

DÉDA E O CAOS NA SSP. A POLÍCIA VEM PERDENDO A BATALHA PARA OS CRIMINOSOS.

Seria de um desatino ímpar ajuizar que o governador Marcelo Déda não está preocupado com a insegurança que paira em Sergipe, beirando o estado de barbárie do Rio e São Paulo. Mereceria sentar no banco dos réus e ser condenado por aleive quem argumentar que o chefe do executivo sergipano dar de ombros para o caos, focando apenas conseguir aprovar o tal Proinveste. Mas a pergunta é: isso basta?

Mesmo lutando contra um câncer de estômago, Déda, demonstrando ter o espírito público que deve permear todos os políticos, quando reúne forças mete a cara no trabalho. Aliás, até adversários admitem isso. Todavia, as últimas notícias policiais espelham que Sergipe, há muito, está entregue à própria sorte no quesito segurança.

A polícia vem perdendo a batalha para os criminosos. E os fatos dizem ao governador que é preciso mais que preocupação. A violência assegura com nitidez: ou o Déda toma uma medida enérgica ou corre o risco de deixar o governo do Estado como um dos piores gestores da história de Sergipe neste ponto. O pior: isso não será dito apenas pela oposição. Tampouco por jornalista que não se enquadra na serventia, mas opta pela crítica construtiva. Nada disso. Os números da criminalidade não darão espaço para argumentos. Os fatos estarão a reinar soberanamente.

É evidente que quando se desembarca no terreno valorização policial, Déda já escreveu seu nome na história como o governador que mais valorizou policiais – sobretudo em se tratando de vencimentos. Sobra quando comparado até a governadores de estados mais ricos. Entretanto, saindo deste ponto, no quesito projeto de segurança pública, o governo parece não existir.

Quando questionado sobre o caos, o secretário de Estado da Segurança Pública, João Eloy, longe do João Eloy competente delegado, sobretudo na época da Derof, joga a culpa na ânsia dos marginais pelas drogas. No vale-tudo estabelecido por traficantes e viciados  para ter crack, cocaína, maconha... Mas projeto de segurança pública que é bom... Se um dia foi colocado em prática, se mostrou falido. Aliás, um requerimento do deputado estadual Samuel Barreto tenta levar o secretário de Segurança à Assembleia há anos. Difícil é entender porque isso ainda não aconteceu. O legislativo não existe para a SSP?

Sergipe, é claro, não é uma terra amaldiçoada. Não é apenas aqui que assaltar uma agência bancária soa tão fácil quanto passar um hambúrguer. Mas perceba, internauta, se não houvesse criminalidade, se não fosse indispensável um projeto eficiente de segurança para que os bandidos voltem a respeitar e temer a polícia, se cada cidadão conseguisse fazer a sua própria guarda, qual seria, então, o sentido de se ter uma Secretaria de Segurança Pública dando uma mega despesa ao Estado? Por que pagar um alto salário a um secretário e ao seu adjunto, se a sociedade não precisasse dos seus serviços? Qual seria o sentido de se criar uma cúpula na SSP? Só para engordar contas bancárias à custa de impostos pagos pelos contribuintes que não têm segurança? Evidente que não. Seria pequeno demais. Imoral. Abominável.

Creio que uma pasta criada para combater o crime não pode se dar ao luxo de abrigar profissionais que têm ciência de que lhes falta competência para tais funções policiais, mas as vantagens se apresentam aos seus olhos como bem mais importantes que as vidas dos sergipanos. E, neste caso, passar a bola para quem entende e abrir mão da ‘boquinha’ nem pensar. Até que isso poderia explicar a violência que paira em Sergipe. Todavia, seria assustador para ser verdade. Prefiro não nutrir tal juízo.               

A morte de um vigilante durante um assalto a uma agência bancaria em Salgado, na quarta-feira 21, e mais um banco em Aracaju assaltado, na última sexta 23, ou seja, dos crimes praticamente semelhantes, sobretudo em ousadia, num intervalo de menos de dois dias, ratifica que não há mais espaço para uma segurança amadora. Não se pode mais evocar casos de outros estados, drogas ou outras desculpas para tentar justificar o injustificável. O sergipano está morrendo. Ou melhor: sendo abatido. O bandido, via de regra, é profissional. Sergipe precisa ter segurança de verdade. Não podemos mais continuar sendo o recanto dos bandidos não incomodados.

Como já disse, Déda já demonstrou se preocupar com a segurança. Mas se a sua preocupação e o que mais ele tem feito para resolver a mazela não estão surtindo o efeito desejado, manda o bom senso fazer outra aposta. Do contrário, onde vamos parar? ‘No cemitério, óbvio’. Acerta o internauta mais lúcido.

A cegueira reinante em parte da mídia e, sobretudo, em alguns políticos não os manteriam num cúmplice silêncio omisso, factível, se ao invés de um vigilante a vítima fatal, em Salgado, fosse um desembargador, por exemplo. Um juiz. Um senador. Um grande empresário. Um jornalista renomado. O foco não seria Proinveste ou estacionamento, mas as vida tirada de forma covarde.Talvez aí resida a luz que pode nos guiar ao caminho para sairmos do caos. Devemos observar quantas das chamadas pessoas do povo estão morrendo ou sendo vítimas de outros crimes em Sergipe. É só irmos ali pertinho, em Itabaiana – terra onde bandido invade estúdio de rádio, executa radialista e sai da cena do crime tranquilo sem temer ou ser arreliado pela polícia.    

Exigir dos seus auxiliares um projeto eficiente que garanta, de fato, segurança a todos, que enxergue um vigilante como um juiz, um radialista como um parlamentar, ao menos quando a vida estiver em xeque, soa a única saída para Déda. Exigir uma resposta rápida sob pena de exonerar toda a cúpula da SSP, e mostrar quem manda no Estado. Os bandidos não podem continuar levando a melhor. Chega de morrer sergipano inocente. É preciso projeto. É preciso mais policiais militares nas ruas fazendo o policiamento ostensivo. Já que o Estado não tem como reparar as vidas ceifadas, ao menos apresente soluções urgentes para que o número de homicídios e assaltos despenque. Zerar a criminalidade, infelizmente, é impossível. Mas combatê-la com ferramentas e estratégias que funcionem é obrigação de qualquer gestor.

Fonte:  Universo Político (Joedson Telles)

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